Tilápia conquista paladar e lidera mercado em Santa Catarina
A produção de peixes avança em Santa Catarina e ganha relevância na economia do estado. O grande destaque na piscicultura catarinense é a criação de tilápia (Oreochromis niloticus), cultivo que ocupa mais de 32 mil famílias de agricultores, as quais fornecem ao mercado e aos pesque-pagues quase 34 mil toneladas de peixe por ano, tornando o estado o terceiro maior produtor da carne no Brasil.
Com a proposta de apoiar o desenvolvimento da piscicultura, a Comissão de Aquicultura e Pesca da Assembleia Legislativa tem trabalhado para unir e fortalecer produtores, sindicatos e associações municipais e regionais, além de incentivar a prática de inserir o peixe na alimentação escolar e em outros programas do poder público, estimulando a exportação da tilápia e outras espécies criadas em cativeiro.
O presidente da comissão, deputado Felipe Estevão (PSL), filho de pescadores da região de Laguna, afirma que a atividade vem crescendo anualmente e que a piscicultura, com apoio da Epagri e instituições de ensino superior, tem se desenvolvido, favorecendo os produtores e os consumidores com produtos ricos em minerais, vitaminas e ômega 3, uma gordura boa para o organismo e que protege o coração. Estevão acrescenta que a tilápia, o peixe mais cultivado em Santa Catarina, representa 74% da produção de peixes de água doce. “Temos tudo para crescer na produção e consumo desta carne, por isso temos desenvolvido esse trabalho de fortalecimento de toda a cadeia produtiva do peixe.”
A produção em cativeiro permite a uniformidade do tamanho, padronização muito apreciada pelo varejo. Outra vantagem na criação da tilápia em relação aos peixes oriundos da pesca extrativista é a continuidade no fornecimento. A atividade pesqueira possui entressafra ou períodos de defeso, em que os peixes não são capturados, enquanto isso, a piscicultura possibilita o fornecimento constante de peixe fresco o ano inteiro.
O deputado diz que vem conversando com o governador Carlos Moiséis e com prefeitos para incentivar a colocação do peixe na alimentação escolar e em outros programas do poder público. E acrescenta que a Assembleia Legislativa aprovou em 2016 uma lei que incluía a carne da tilápia, produzida e processada industrialmente em Santa Catarina, na alimentação fornecida pelas escolas estaduais, mas a lei acabou sendo vetada por não ser possível obrigar a adoção do consumo. A partir disso, vem sendo desenvolvido um trabalho de incentivo para que as prefeituras adotem a medida e que o poder público estadual inclua o peixe em outros programas.
Atualmente, os municípios de São Ludgero, Navegantes, Armazém, Gaspar, Campos Novos, Rodeio e Pouso Redondo oferecem a tilápia na alimentação dos estudantes, enquanto outros estão se programando para implantar a medida. A partir deste mês, Joinville também vai destinar cinco toneladas de tilápia, ao longo do semestre, para 161 postos de entrega, entre escolas municipais e áreas administrativas, devendo ampliar esse número a partir de janeiro de 2020.
“Tudo isso se deve ao incremento em tecnologia de produção com aeração mecânica, alimentadores automáticos, biorremediadores, melhoria genética dos peixes e melhoria da qualidade das rações fornecidas aos peixes. O apoio a toda a cadeia produtiva do peixe e o aumento da conscientização da importância de consumir a proteína vem permitindo esse desenvolvimento da piscicultura catarinense”, analisa Felipe Estevão.
Mais mercado
Uma das iniciativas que deve ser seguida por mais empresas no Estado é a decisão da Cooperativa Central Aurora, que no ano passado colocou no mercado um novo produto, o filé de tilápia sem pele. A Cooperativa compra cerca de cinco toneladas diárias do pescado para atender a demanda, só que o produto vem do Paraná, maior produtor da espécie do Brasil. A intenção de Estevão é que a Comissão da Pesca e o governo estadual criem as condições políticas e fiscais para que os produtores catarinenses também possam fornecer tilápia à cooperativa e a outras empresas.
Para o deputado, com uma maior oferta de proteína oriunda de peixes, em decorrência das políticas públicas de incentivo à produção e consumo, os preços ao consumidor final devem ficar mais estáveis e até apresentar um viés de redução, principalmente pelo aumento da competição nas gôndolas dos supermercados. Ele acredita que o aumento do consumo por parte dos estudantes, com a inclusão da tilápia na alimentação escolar, pode incentivar os pais e familiares a também aumentarem a compra do produto nos mercados.
Para o futuro, Estevão diz que há planos para estimular a exportação da tilápia, situação que já estaria prestes a ocorrer com a truta produzida na Região Serrana e no Litoral Norte do estado. Para isso, ele defende uma maior organização das associações, profissionalismo na produção e incentivos maiores às pesquisas desenvolvidas pela Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri), que realiza trabalho de melhoramento genético da espécie no estado, fornecendo matrizes para criação de alevinos para várias regiões do Brasil.