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Publicado em 08/09/2022

Plenarinho da Alesc recebe o nome de Paulo Stuart Wright

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O então deputado estadual Paulo Stuart Wright discursa na tribuna da Alesc, nos anos 1960; desaparecido na época do Regime Militar, ela dá nome ao Plenarinho do Parlamento catarinense

O deputado joaçabense Paulo Stuart Wright, o mais conhecido dos desaparecidos catarinenses durante o regime militar (1964-1985), é quem dá nome ao Plenarinho da Assembleia Legislativa de Santa Catarina (Alesc), um dos principais palcos de debates e reuniões do Parlamento. Ele foi cassado em maio de 1964, sob o argumento de que comparecia às sessões sem paletó e gravata, mas acredita-se que o motivo real teria sido a pressão do Centro de Informações da Marinha (Cenimar) para que ele fosse cassado por subversão.

Paulo Stuart Wright teve, em 1993, seu mandato restituído, em ato post-mortem, e em 26 de junho de 1995 foi homenageado com a denominação do plenarinho com seu nome. Filho de missionários presbiterianos norte-americanos, Maggie Belle Wright e Lothan Ephrain Wright, nascido em 1933, em Joaçaba, Wright sempre se preocupou com as condições de trabalho dos operários, destaca o professor do Departamento de História da Udesc, Reinaldo Lohn.

“Ele significou uma mudança inusitada para a política padrão que se fazia em Santa Catarina, entre os anos 50 e 60. O estado era dominado por dois partidos políticos oligárquicos e elitistas, o PSD e a UDN. Ele significa uma alternativa no interior desta estrutura partidária sólida, com uma vinculação com os movimentos populares, a partir das suas convicções políticas, éticas e religiosas, que o colocaram desde cedo em contato com movimentos de bases e trabalhadores.”

O professor diz que Paulo Stuart Wright sempre fez questão de atuar junto aos trabalhadores manuais, na construção civil ou como torneiro mecânico. “Ele tinha essa vinculação a partir de sua religiosidade, de sua família de missionários presbiterianos, com trabalho de assistência social, então ele, neste quadro de política no estado significou um contraste bastante acentuado. Uma pessoa que contesta posições políticas consolidadas e que atua de baixo para cima.”

A preocupação com os trabalhadores o levou a trabalhar na construção civil em Los Angeles (EUA), nas férias dos seus estudos de pós-graduação em sociologia. Nos Estados Unidos, aonde residiu por cinco anos, também fundou um grupo contrário à discriminação racial e estava fazendo o doutorado em sociologia quando – filho de americanos que era – foi convocado para a guerra da Coreia. Teve de deixar os Estados Unidos e passou a ser procurado pelo FBI, relata Lohn.

Personalidade marcante
De volta ao Brasil e casado com Edimar Rickli, o casal se engajou num projeto da Igreja Presbiteriana nas fábricas paulistas. Ele aprendeu o ofício de torneiro mecânico e atuou no bairro operário de Vila Anastácio. Nesta época, exemplifica o professor da Udesc, Paulo Stuart foi golpeado pela morte do seu primeiro filho num hospital, quando a criança faleceu por falta de assistência adequada. “Ele jurou que lutaria para que isso não se repetisse na vida de outros operários. Foi sua convicção que não fez com ele procurasse um tratamento em outros hospitais para a criança.”

Para o professor, é difícil definir a personalidade do jovem Paulo Stuart, mas é possível entender a complexidade social do pós-Segunda Guerra Mundial, numa época de protagonismo da juventude. “Nos anos 60, a juventude surge como um movimento político. O fato de ser jovem representava apresentar ideias novas, apresentar uma postura contestadora a estrutura vigente. Afora isso, ele tinha um sentimento de humanismo cristão muito acentuado que fazia parte de sua denominação religiosa. Então, acho que isso vai formar uma postura ética política em torno dele, que vai ser fundamental para entender a postura dele, mesmo enfrentando constrangimentos, mantém suas posições mesmo numa situação de bastante vulnerabilidade.”

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