Lei ajuda a fortalecer empreendedorismo no litoral
Sempre cheia nas temporadas de verão, a praia da Gamboa não estava deserta no último dia 15 de julho. O tradicional ponto turístico da cidade de Garopaba recebia, em uma fria manhã do inverno catarinense, um movimento considerável. Não eram banhistas em busca do calor, mas sim moradores e visitantes empolgados com a expectativa de avistar as baleias francas que começam a chegar ao Estado. Na rua de acesso ao local e na areia da praia, empreendedores que tiram o sustento do turismo sorriam como se fosse janeiro.
Cristiane Bossoni, guia de turismo formada pela unidade do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia (IFSC) de Garopaba, era uma destas pessoas. Para ela, ações como a Lei 18.395 de 2022, que instituiu oficialmente o Roteiro Turístico Caminhos da Baleia Franca, acabam valorizando destinos turísticos. “O ganho é para todo o trade turístico e também para a conservação do patrimônio natural”, avaliou.
Dona de uma empresa cujo foco é o ecoturismo, com trilhas de contemplação do mar, dos costões, educação ambiental e observação de baleias e golfinhos, ela é uma das idealizadoras dos Caminhos da Baleia Franca, rota de cerca de 170 quilômetros de trilhas que fazem parte da Rede Brasileira de Trilhas que está sendo implementada no território da Área de Proteção Ambiental da Baleia Franca (APABF) pelo ICMBio.
Enquanto cruzava a faixa de areia até o mirante instalado no costão da Gamboa, Cristiane comentou que o acesso dos turistas para assistir as baleias e golfinhos que estavam no mar naquele momento garante o movimento do comércio local, melhorando a renda de todos os tipos de empreendimentos.
“Aqui é uma área de pesca artesanal e o avistamento das baleias no inverno é um dos principais atrativos da região, pois mantém o fluxo de turismo fora da alta temporada”, assegurou. Mesmo que em número menor durante os meses de frio, a circulação de turistas acontece, de acordo com ela, “o tempo todo por conta das baleias”.
Todos têm muito serviço, afinal as baleias se aproximam muito da costa, fazendo a alegria do público que, além de ver os animais, também quer ter mais informações sobre os cetáceos, cujos filhotes são muito curiosos. “Quando veem a movimentação dos surfistas, por exemplo, os filhotes se aproximam cada vez mais. Os surfistas, algumas vezes, nadam em direção até elas, o que não é recomendado por questão de segurança, pois a baleia é um mamífero muito grande”, contou.
Milene Novais, bióloga, educadora ambiental e guia de turismo também formada pelo IFSC em Garopaba, é idealizadora e presidente do Projeto Cetáceos, instituição que atua com pesquisa e educação ambiental em prol da preservação dos cetáceos e do ecossistema marinho na região da Rota da Baleia Franca. Ela também afirmou que a existência de uma legislação é essencial. Segundo ela, toda busca por fomentar turismo de qualidade, ainda mais sendo em uma região com alta sazonalidade, é válida.
Além da Lei 18.395 de 2022, criada pela Alesc, ela cita a Rota da Baleia Franca, projeto do Sebrae em parceria com as prefeituras de Garopaba, Imbituba e Laguna. “Para nós do Projeto Cetáceos, ações desse tipo ajudam na preservação da baleia franca e demais espécies da região, como o boto da tainha, que faz uma interação com os pescadores de Laguna reconhecida mundialmente. O conhecimento dessa natureza leva à conscientização da importância da preservação das espécies e do meio que as cercam”, comentou.
Emoção diferente
Lenise Sant´Anna da Silva, moradora de Garopaba, também estava no mirante na mesma manhã. Ela disse que poder fazer o avistamento de baleias é sempre muito emocionante. “Toda a temporada que elas vêm é uma emoção diferente. Algumas vezes você consegue ver o salto [quando a baleia impulsiona seu corpo total ou parcialmente para fora do mar], em outras vezes consegue ver o filhote”, citou.
Ela sugeriu ainda que é importante levar protetor solar mesmo no inverno ou nos dias sem sol, além de boné, água e calçado adequado para fazer trilha. “E paciência, afinal elas nem sempre vão estar dando show. De preferência, contrate alguém que trabalhe na área, pois eles vão saber onde elas estão, por que há uma rede de comunicação entre os moradores e os condutores que levam as pessoas aos locais onde estão as baleias”, recomendou. Binóculos ajudam, mas segundo Lenise, às vezes as baleias estão tão perto que o equipamento nem é necessário.
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