De Capital do Leite a Vale das Cachoeiras

No ano de 2021, o ecoturismo ou turismo ecológico foi o principal motivo para uma em cada quatro viagens domésticas realizadas a lazer no Brasil. O dado, constante no Boletim do Turismo Doméstico Brasileiro, desenvolvido pelo Ministério do Turismo e pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), demonstra o quanto a atividade tem se tornado proeminente no Brasil. Não por acaso, este tem sido um dos principais segmentos turísticos visados pelos municípios do Alto Vale do Itajaí, tendo em vista não demandar infraestrutura de grande porte para o seu desenvolvimento e nem sofrer muita interferência da sazonalidade.

Amadeu Gonçalves, que atua como diretor de Turismo de Presidente Getúlio, explica que a região tem uma vocação natural para o ecoturismo, dado o seu relevo montanhoso, aliado à quantidade de cursos d’água e os trechos de mata ainda preservados. “Nossos municípios têm um potencial enorme para a atração do turista interessado em contemplar paisagens naturais e a isso se une a atividades como caminhadas, cicloturismo, prática de rapel e outros esportes.”

De acordo com Gonçalves, uma das principais apostas de Presidente Getúlio, localizado a 229 quilômetros de Florianópolis, tem sido a promoção das suas mais de 140 cachoeiras e quedas d’água. “Temos cachoeiras para todos os níveis, sejam eles de dificuldade de acesso, de volume d’água, ou de altura. Somente em um circuito específico há 70 delas, das quais 28 são abertas à visitação.”

Ele conta que graças ao fluxo de turistas, o município, que detém o título de Capital Catarinense do Leite devido à extensa pecuária leiteira, está passando a ser conhecido também por abrigar o Vale das Cachoeiras. “Cerca de 30% do nosso PIB (Produto Interno Bruto) vem da agropecuária, mas está havendo uma demanda crescente no turismo. Tem gente que vem de muito longe para contemplar as paisagens naturais e praticar esportes. E tem gente até que coleciona cachoeira, pois vê uma e volta para conhecer outras”, diz.

Aliado ao turismo de contemplação de cachoeiras, o município também empreende o projeto Caminhos do Campo, para a promoção do turismo rural. Ao todo, já foram cadastradas 30 propriedades, nas quais além de hospedagem, o turista tem acesso a produtos produzidos na própria localidade, como pães, cucas, geleias, roscas de polvilho e cachaça artesanal.

Em Presidente Getúlio uma das principais atrações é a Cachoeira Tabarelli, que leva o nome da família proprietária da área onde está localizada. A Tabarelli, que pode ser acessada ao final de uma trilha de 1,5 quilômetros em meio à mata nativa, possui o maior volume d’água entre as cachoeiras localizadas no município, que cai de uma altura de 47 metros. Como está em uma área particular, as visitas só são feitas com o acompanhamento de um guia autorizado.

O proprietário da área onde está situada a cachoeira, Vanildo Tabarelli, afirma que recebe muitos escoteiros e praticantes de caminhadas e ciclismo, vindos principalmente do município de Blumenau. “Geralmente eles vêm para ver a Tabarelli e acabam por visitar as outras duas grandes cachoeiras localizadas na propriedade, a Cachoeira da Anta, de 50 metros, e a Cachoeira Cará, de 63 metros, em um percurso de 7 quilômetros.”

José Boiteux
Outro município do Alto Vale que quer se tornar conhecido pelas suas cachoeiras é José Boiteux. A 18 quilômetros do seu centro está localizada uma das mais conhecidas, a Cachoeira Rio Wiegand, famosa pelo grande lajeado de pedra de 20 metros de altura, de onde a água se precipita até um lago de pouca profundidade. O local é muito conhecido também por contar com uma “jacuzzi” natural formada na rocha, onde os turistas costumam se banhar e fazer fotos.

A cachoeira é acessível por uma trilha, através da qual se pode chegar a outra queda d´água famosa no município, a Cachoeira do Encontro. O nome se deve à confluência de dois rios que, lado a lado, se precipitam em um mesmo poço.

De acordo com Jaílson Klock, diretor de Turismo de José Boiteux, a área ainda é pouco explorada para o turismo, sendo procurada mais por famílias do próprio município, como local para piquenique e acampamento. O panorama, entretanto, deve mudar em breve, já que há pouco mais de dois meses a propriedade foi a leilão público e o atual proprietário, o empresário da construção civil Flávio Uller, já planeja criar uma infraestrutura que dê suporte para aumentar a visitação às cachoeiras.

“De momento existe um sonho muito bonito, de trazer uma exploração mais profissional do local, fazer com haja locais para as pessoas acamparem e também construir chalés e cabanas. Ou seja, para que as pessoas possam vir não só para conhecer as cachoeiras, mas para ficar e aproveitar o local como um todo e também explorar outros pontos próximos. Acredito que com isso o turismo possa crescer não só no município, mas em toda a região.”