Da infância pacata no Oeste a ações estadualizadas
Durante a infância, Nilso Berlanda não imaginava que seu destino seria longe de onde nasceu. Na pacata Nova Itaberaba, à época distrito de Chapecó, nada indicava que o filho de uma típica família descendente de italianos viria a ser conhecido em toda Santa Catarina, primeiro pela ação empresarial e, depois, pela atuação política.
Ele começou a trabalhar cedo para ajudar na renda familiar como carregador de malas do Hotel Ideal, em Chapecó. Foi office boy e depois bancário no antigo Banco do Estado de Santa Catarina (Besc), de onde foi transferido em 1985 para Curitibanos, 276,5 quilômetros adiante. Após a chegada à região do Planalto Catarinense, atuou como chefe do setor de compensação da instituição, trabalhando nas madrugadas.
Mas Berlanda tinha o sonho de montar um negócio próprio para garantir uma vida melhor com a mulher, Leoni, e com os filhos Aline e Leonardo. Assim, em 1991, vendeu um terreno, uma linha telefônica e um Chevette branco da família e abriu a primeira loja de eletrodomésticos, em uma área de 80 m². “Mas só deixei o banco em 1996”, recorda. Era preciso ter segurança e estabilidade para completar uma mudança tão radical de rumo.
Com o tempo, os bons resultados no comércio foram se consolidando e a empresa iniciou uma expansão para outras cidades, criando uma rede que, 36 anos depois, alcançaria a marca de 197 lojas. A gratidão a Curitibanos, que o acolheu e foi fundamental ao progresso dos seus negócios, Berlanda demonstrou inicialmente com um patrocínio para a equipe local de futsal, esporte que é uma paixão e forte tradição do município. “O apoio ao futsal de Curitibanos ajudou a fortalecer o nome da empresa em todo o estado”, reconhece. No futuro, já deputado estadual, o apoio passaria a ser com a destinação anual de R$ 1 milhão de suas emendas parlamentares para a cidade.
E por falar em vida política, pode-se dizer que a transição teve início em 2004, quando Berlanda disputou a eleição municipal concorrendo a vice-prefeito. No mesmo ano, assumiu pela primeira vez a presidência da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) local, função que exerceu até 2007 e entre 2008 e 2009. “Depois fui conselheiro do SPC [Serviço de Proteção ao Crédito] de Santa Catarina e participei muito do movimento lojista do estado”, destaca. Antes, em 2006, fez 14 mil votos na primeira eleição para deputado estadual, mas não se elegeu.
“Eu era filiado ao MDB e fui visto por lideranças locais, que julgaram que eu poderia ajudar e acrescentar como liderança política. Acabei sendo indicado naquele ano ao então governador Luiz Henrique da Silveira, que me nomeou secretário de Desenvolvimento Regional”, lembra. Durante três anos, ele esteve à frente da Secretaria de Desenvolvimento Regional. Atendendo os interesses de Curitibanos, Frei Rogério, Ponte Alta do Norte, Santa Cecília e São Cristóvão do Sul, teve seu potencial eleitoral fortalecido.
Em 2010, voltou a concorrer a uma vaga na Assembleia Legislativa do Estado de Santa Catarina e somou 21.139 votos, mas o resultado deixou-o na suplência. Quatro anos depois, fez 29.756 votos e foi novamente suplente. Assumiu o cargo em 2014, 2016 e 2017, permanecendo na função até 2018. Até que, na quarta disputa, com 28.975 votos, elegeu-se deputado. “A responsabilidade aumentou ainda mais”, conta.
Na opinião dele, mesmo com missões e obrigações diferentes, políticos e empresários têm algo em comum. “O deputado que quiser e estiver determinado a trabalhar por sua região e em prol de todos os catarinenses vai encontrar muito trabalho. Eu comparo o cargo do parlamentar com o de um empresário. Se você quer que sua empresa não vá para frente, seja pacata, escondida, sem sucessos, basta não trabalhar. E o parlamentar é da mesma forma. Se não for atuante, não for dedicado, se não representar a população, a região, ele não retorna ao Parlamento e não tem progressão na vida política”, comenta.