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Publicado em 29/11/2022

Construção foi sonho do governador Ivo Silveira

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Palácio Barriga Verde nos anos 1970, quando a construção foi concluída. FOTO: Arquivo/Agência AL

Eleito deputado estadual em 1951, 1955, 1959 e 1963, Ivo Silveira (1918-2007) soube o que era trabalhar no antigo Palácio – considerado como um dos edifícios mais bonitos da Capital catarinense – e em instalações temporárias do Parlamento após o incêndio que destruiu a Casa, em 1956. Talvez, por isso, a construção de uma sede própria tenha sido um de seus maiores sonhos.

Ex-governador Ivo Silveira, em 2006. FOTO: Arquivo/Agência ALSilveira presidiu o Parlamento de 1963 a 1965, com três eleições consecutivas. “Ele esteve muito tempo na Assembleia quando funcionava no quartel da Polícia Militar e tinha o sonho de construir o novo lugar para o Poder Legislativo, que estava muito mal instalado, com vários problemas. Ele começou a guardar a verba da Assembleia para iniciar a construção”, lembrou Elizabete Silveira Brandalise, filha de Ivo Silveira, único presidente da Alesc a se eleger governador do Estado.

Em 1957, um concurso nacional para a elaboração do projeto foi vencido pelos arquitetos Paulo Mendes da Rocha, Pedro Paulo de Melo Saraiva e Alfredo Paesani. O terreno escolhido para receber a edificação tinha 14,7 mil metros quadrados, em uma área de aterro no bairro Prainha, na Rua Jorge Luiz Fontes, na frente da Praça da Bandeira.

A Lei 643, de 19 de janeiro 1961, assinada pelo então governador Ruy Hülse, autorizou o governo a adquirir da Prefeitura de Florianópolis os terrenos de Marinha que foram destinados à construção da Alesc, do Palácio da Justiça e do prédio onde, por anos, funcionou a Escola de Educação Básica Celso Ramos, que hoje é um núcleo de educação infantil municipal.

As obras do Palácio Barriga Verde, iniciadas em 10 de junho de 1966, tiveram o engenheiro Olavo Fontana Arantes à frente. A primeira estaca foi cravada no primeiro dia de julho daquele ano, conforme reportagem do jornal “O Estado”, publicada em 15 de dezembro de 1970. No total, a construção custou 4,35 milhões de cruzeiros, verba inteiramente do Tesouro Estadual.

Ivo Silveira (centro) e Lecian Slovinski (d.) vistoriam o início das obras do Palácio, em 1966. FOTO: Arquivo/Agência ALEleito em 1965 para governar o Estado, Silveira logo que assumiu o cargo que ocupou até março de 1971, passou a se dedicar para transformar em realidade a edificação de um lugar onde os deputados pudessem ter tranquilidade e segurança para criar leis e fiscalizar os atos do Poder Executivo. A filha Elizabete, que no futuro viria a ser servidora da Alesc, presenciou esse início, incluindo o lançamento da pedra fundamental, feito pelo deputado Lecian Slovinski (1919-2015).

Ela destacou que uma das coisas que impressionou a família era que o pai sempre gostou muito do Legislativo. “Ele dizia que, se tivesse que voltar um dia para a política, preferia ser presidente da Assembleia a ser governador”, ressaltou. Para Elizabete, que presenciou também a inauguração da obra, o Palácio Barriga Verde tornou-se muito importante para o estado já à época, pois os deputados passaram a ter “condições ideais de trabalho” para atender a população.

A filha do ex-governador disse que, nos primeiros anos, o interior da Alesc “era mais amplo”, com menos divisões. “Acho que por causa da construção de Brasília, tudo era mais espaçoso. A imagem era que o povo na hora em que tinha que falar com seu representante não precisava ir a um gabinete”, avaliou.

Ao ser entrevistada para esta reportagem, Elizabete fez questão de ler trechos do discurso que o pai proferiu na inauguração da nova sede do Poder Legislativo, em 14 de dezembro de 1970. “Senhores deputados, vossas excelências recebem esta casa quando o Brasil deixa de ser visto no chamado Terceiro Mundo. Aqui cada um haverá de contribuir para que a arrancada do desenvolvimento ganhe maior vigor em Santa Catarina. E para que os poderes constituídos tenham mais depressa as condições essenciais à normalização institucional pretendida tanto por eles, quanto por nós. As lições do passado encontrar-se-ão neste recinto com as ideias do presente. O espírito de renovação nele falará, sem colidir com os princípios fundamentais da sociedade brasileira”, disse Silveira na ocasião.

Representa o povo
Elizabete Silveira Brandalise, filha de Ivo Silveira. FOTO: Daniel Queiroz/ND“Trabalhei na Alesc por 33 anos. Comecei como secretária do pai. Eleito governador, ele me demitiu. Casei, mudei para o interior, voltei em 1982 e fiquei aqui até 2015. No período, um dos destaques foi comemorar os 80 anos do pai na Alesc. Foi importante também ver como é que a Casa trabalha”, contou.

Durante sua passagem pelo Parlamento, ela viu eleições com voto secreto e com voto declarado. Ela acha que testemunhou pelo menos 10 presidentes serem eleitos no Parlamento, greves em que a população tentou invadir o local, a quase cassação do ex-governador Paulo Afonso Vieira, e uma reforma do prédio.

Para Elizabete, a versão atual da Assembleia é mais imponente. “O Palácio Barriga Verde representa o povo. Meu pai ficava muito feliz aqui e veio em todas as sessões às quais foi convidado. Para ele, foram os melhores anos da vida, sendo deputado. O Legislativo para ele era muito importante, ele se sentia muito orgulhoso de poder participar da vida do povo catarinense. Enquanto estavam cassando mandatos de deputados, querendo fechar as assembleias no Brasil, ele estava construindo em Santa Catarina um lugar para o Poder Legislativo legislar com conforto e confiança. Ele tinha muito contato com o povo e vontade de conversar com povo”, citou.

Antes de morrer, o ex-governador disse que gostaria de ser velado na Alesc. O desejo do homem público que tanto trabalhou para tornar realidade o sonho do novo Parlamento foi realizado em 2007.

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