Ação legislativa é decisiva na preservação das baleias francas

Instituto Australis, em Imbituba, atua na preservação das baleias francas.
Posicionado estrategicamente em frente à praia de Itapirubá, em Imbituba, o Instituto Australis tem, entre vários compromissos, a missão de atuar pela conservação e recuperação populacional das baleias francas. Por ser uma entidade civil sem fins lucrativos mantida com patrocínios públicos e privados, a instituição depende também da vinda constante de turistas.
Ainda que entre os meses de julho a novembro pessoas de todo o mundo vão até Imbituba em busca dos cetáceos que fazem das águas calmas e temperaturas amenas do litoral catarinense um berçário natural, a continuidade e ampliação do fluxo de visitantes precisam ser mantidas. A Lei 18.395 de 2022 – que oficializou um roteiro turístico abrangendo também as cidades de Garopaba e Laguna – foi decisiva para isso.

Karina Groch, diretora de pesquisa do Instituto Australis
Bióloga com doutorado em Biologia Animal pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Karina não tem dúvidas que a legislação fortalece o instituto, criado em 2015 para auxiliar o Programa de Pesquisa e Conservação da Baleia Franca. ”Uma vez que [a lei] desperta a atenção para as baleias, temos mais gente vindo para a região. Eles acabam visitando nossa instituição em busca de mais conhecimento sobre a espécie e, consequentemente, sobre nosso trabalho em prol da conservação e recuperação populacional”, explicou.
A legislação criada pelo Parlamento catarinense tem como meta incentivar “a observação das baleias e seus filhotes por meio de trilhas, costões e até em praias da região, além de estimular o turismo nesses municípios”. A norma estabelece que o roteiro deva ser incluído no mapa das regiões turísticas reconhecidas pela Agência de Desenvolvimento do Turismo da Santa Catarina (Santur), além de instituir um passaporte turístico com informações sobre a rota, com destaque para os pontos de observação das baleias.
Berçário das baleias francas
Karina começou a trabalhar no Instituto Australis em 1996. Hoje, além de diretora de pesquisa, é coordenadora do Projeto de Monitoramento de Praias, faz a coordenação geral dos projetos e atividades executados pela instituição e lidera uma equipe de biólogos, oceanógrafos, monitores e voluntários que se dedicam à conservação das baleias e de outros animais marinhos da costa catarinense.

Baleias francas vêm ao litoral de Santa Catarina para ter os filhotes
De acordo com o Instituto Australis, com base em anos anteriores, uma média entre 100 a 120 baleias vêm para Santa Catarina, e não são sempre as mesmas. Em torno de 40% são retornos, e as demais fazem o trajeto pela primeira vez. Segundo a bióloga, isso comprova que existe um aumento populacional das baleias francas, que, durante cerca de quatro séculos, foram alvo de caça no litoral do Estado, levando quase à extinção da espécie.
“Depois que terminou a caça elas começaram a voltar para cá, a população começou a se recuperar. Então, toda essa caminhada, com décadas de monitoramento, pesquisa para conservação desta espécie, tem sido fundamental para que isso realmente aconteça”, afirma Karina.
Saiba mais
http://baleiafranca.org.br
@institutoaustralis