A atuação junto aos trabalhadores e a eleição para a Alesc
De volta ao seu estado natal, Santa Catarina, Paulo Stuart Wright ajudou a criar os primeiros sindicatos de trabalhadores em Joaçaba, inclusive o dos metalúrgicos. Assumiu uma secretaria municipal e foi o primeiro candidato protestante à Prefeitura da cidade, em 1960. Concorreu pelo PTB e perdeu por 11 votos.
Em seguida, o PTB passa a compor a chapa vitoriosa ao governo do Estado, que tem como governador Celso Ramos. “O PTB passa a ter o vice-governador, que era Doutel de Andrade, e Paulo Stuart como militante da legenda é convidado a vir para Florianópolis para atuar na imprensa oficial do governo do Estado.”
Nesse período, tornou-se secretário regional da União Cristã dos Estudantes do Brasil e foi nomeado diretor da Imprensa Oficial de Santa Catarina. “Na imprensa, ele continua trabalhando com sua atividade política, ética e religiosa, vai se aproximar dos pescadores, o trabalhador mais simples, com mais vulnerabilidade social na região. Vai ser um incentivador da organização destes trabalhadores. Uma organização que está ocorrendo em nível nacional, por diferentes movimentos, na mesma época, lá no Nordeste, ocorre a organização das Ligas Camponesas, também por um deputado da região, Francisco Julião. E, aqui em Santa Catarina, vai desenvolver um trabalho análogo ao feito por Julião. Os pescadores não tinham direitos básicos e ele vai incentivar as cooperativas de pesca, que vai dar origem a uma federação de cooperativas de pesca.”
Denunciou o controle de grupos oligárquicos de Santa Catarina sobre a pesca e organizou 27 cooperativas de pescadores em todo o litoral, reunindo-as, em seguida, numa federação (a Fecopesca) para colocar o controle da pesca nas mãos dos pescadores. Com esse trabalho social e atuando na política partidária em 1962, Paulo Stuart conquistou um vaga de deputado estadual, com 2.144 votos. Ele foi eleito pelo PSP (Partido Social Progressista), o único do partido, e tomou posse para 5ª Legislatura (1963-1967).
“Ele não concorre pelo PTB, aparentemente por ordem pessoal, não queria concorrer com um político que era amigo da família que estava no PTB, por isso troca de partido. Os votos não vieram apenas dos pescadores, muitos vieram da região de Joaçaba, devido o trabalho na área social da família presbiteriana.”
Durante toda sua atuação parlamentar, foi chamado de comunista por sua ligação com movimentos populares e operários. Defendia com veemência a Fecopesc e denunciava velhas práticas, logo sua presença incomodou outros parlamentares. Há informações de que teve sua morte encomendada por um colega parlamentar, conseguiu livrar-se, mas o caso nunca foi investigado pela Casa, salienta o professor Lohn.
“Ele tem uma atuação solitária no Parlamento. Não pode contar com seu partido e tem posições contra a maioria, continua a realizar seu trabalho junto às cooperativas de pesca, direciona seus recursos de gabinete para esses setores populares, enfim, continua atuar neste sentido.”
Nesta época, Paulo Stuart começa a se aproximar do movimento político, a qual ele vai atuar depois de 64, que é a Ação Popular Marxista Leninista (AP), que é uma organização política que tem por base movimento estudantil cristão, juventude universitária católica, que ele próprio fazia parte destes organismos, mas só que relativo ao presbiteriano, conta Lohn. “Ele se aproxima da AP, e começa a ser visto como comunista, uma pessoa que gera constrangimentos no interior da Alesc. Há um caso obscuro no final de 63, um possível atentado contra a vida dele, que teria sido organizado pelo seu primeiro suplente. Há pressões de seu partido para que ele renuncie, mas ele se mantém, numa posição vulnerável, solitária.”
De acordo com comentários de quem o conheceu época, na véspera do Natal de 1963, Paulo Stuart sofreu um atentado, mas conseguiu convencer o ex-sargento contratado para matá-lo de que tal crime seria contrário aos interesses da sua própria classe. Esse sargento teria sido contratado pelo suplente de Paulo Wright, um bicheiro ligado a Adhemar de Barros, governador paulista que já atuava abertamente em favor de um golpe militar para depor João Goulart. “O Paulo não é bem visto pela imprensa, pelos partidos dominantes, e essa situação só vai se agravar no início de 64, quando há o golpe de estado.”