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10/04/2018 - 11h18min

Evento debate acessibilidade das pessoas surdas aos serviços públicos

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Falta de preparo dos órgãos públicos para atender pessoas surdas foi tratada em seminário

As garantias de direitos da pessoa surda em Santa Catarina foram tema de seminário realizado na manhã desta terça-feira (10), no Plenarinho da Assembleia Legislativa, por iniciativa das comissões de Educação, Cultura e Desporto e de Direitos da Pessoa com Deficiência, em parceria com a Associação dos Surdos da Grande Florianópolis.

De acordo com a deputada Luciane Carminatti (PT), presidente da Comissão de Educação, o seminário foi pautado para debater porque os órgãos e serviços públicos, como Celesc, Casan, Detran, hospitais, rede básica de saúde e outras estruturas de atendimento ao cidadão não estão preparados, seja com equipamentos ou com intérprete da Língua Brasileira de Sinais (Libras), para garantir a acessibilidade das pessoas surdas.

“A inclusão precisa acontecer na prática e todos os cidadãos, independentemente da dificuldade ou de sua condição especial, têm direito à cidadania. Portanto, devem chegar aos órgãos e conseguir se comunicar. E o servidor que está lá ter condições de prestar um bom atendimento”, disse Luciane. Gestores públicos de municípios com mais de 100 mil habitantes foram convidados a participar do seminário. “Sentimos uma certa resistência, eu diria até desleixo, por parte de alguns no sentido de encarar a inclusão como uma necessidade concreta e real para enfrentarmos esse desafio”, lamentou a deputada.

A presidente da Associação dos Surdos da Grande Florianópolis, Sandra Amorim, disse, por intermédio do intérprete de Libras Ricardo Ruiz, que o estado de Santa Catarina é bastante deficitário no atendimento da pessoa surda, em especial por falta de acessibilidade na comunicação e de formação específica para os profissionais da área da saúde. Ela explicou que a inexistência de intérprete nos espaços públicos torna difícil o acesso ao mais simples dos serviços porque, ao contrário de outras pessoas com deficiência, o surdo não tem capacidade de se comunicar verbalmente, o que muitas vezes exige que a pague um intérprete com recursos próprios.
Há 9,7 milhões de pessoas surdas no Brasil e quase 306 mil em Santa Catarina, de acordo com o Censo Demográfico 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE).

A falta de acesso a direitos básicos como educação, trabalho, saúde, mobilidade e atividades de lazer influencia na condição social das pessoas surdas e tem reflexo nas relações interpessoais, muitas vezes restringindo sua convivência quase que exclusivamente ao ambiente familiar. Levar as demandas dessa parcela da população aos gestores públicos é um dos objetivos do seminário, de acordo com a presidente da associação, marcando o início de uma mobilização que pretende sensibilizar gestores estaduais e municipais.

Programação
Três palestras em Libras, com tradução simultânea, compuseram a programação do seminário. Rodrigo Rosso se manifestou sobre o compromisso da gestão pública com a acessibilidade aos cidadãos surdos catarinenses; Rafael Polo Ferrer palestrou sobre a história dos surdos pelo olhar dos surdos; e Alexsandro Grade abordou a tecnologia a serviço da acessibilidade entre surdos e ouvintes. O seminário foi encerrado com o encaminhamento de um plano de metas para os gestores públicos.

Lisandrea Costa
Agência AL

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