Maria da Penha: combate à violência contra a mulher passa pela escola
FOTO: Solon Soares/Agência AL
A escola, em especial no ensino fundamental, tem um papel importante para reduzir os índices de violência doméstica registrados no Brasil. Essa é a opinião da ativista Maria da Penha, que dá nome à lei federal sancionada em 2006 (Lei 11.304/2006) para proteção às mulheres vítimas de agressão. Ela esteve nesta semana em Florianópolis, onde participou do lançamento de uma campanha de combate à violência contra mulher, organizada pela Associação Catarinense de Indústrias de Água Mineral (Acinam).
“A OEA (Organização dos Estados Americanos) recomentou que o Brasil precisa investir em educação para desconstruir o machismo. Você, ao educar a partir do ensino fundamental, vai sensibilizar a criança que tem uma realidade de violência doméstica em casa a entender que aquilo não é normal”, afirma.
Para ela, os homens que praticam violência doméstica geralmente repetem a educação que receberam na infância. “Ele viu o pai bater na mãe, o avô bater na avó. Foi educado desse jeito e acha que isso é normal. Ele tem que assumir esse papel na sociedade e se as pessoas da comunidade não odebecerem, ele se acha no direito de bater, como ele foi educado.”
O machismo, para Maria da Penha, também deve ser combatido. “Parte da nossa sociedade entende que a mulher é culpada por tudo. Me perguntavam o que eu havia feito para merecer aquele tiro [o ex-marido de Maria da Penha tentou matá-la]. E nisso está subentendido que a mulher é sempre culpada em provocar o homem e dele responder com a agressão física, moral, com o assassinato.”
Além da educação, o esclarecimento da sociedade, e principalmente das mulheres, sobre o enfrentamento da violência doméstica também tem papel importante. “As mulheres que têm dúvidas sobre como proceder devem ligar para o número 180, que é gratuito, e se informar sobre seus direitos”, disse. “Peça o endereço de um local próximo de sua casa que tenha um centro de referência da mulher. Lá ela vai ser esclarecida sobre seus direitos. A decisão depende dela, somente dela, mas ele precisa ter apoio da família, da comunidade.”
Campanha
Com o slogan “Diga não à violência à Mulher, menos ódio mais amor”, a campanha lançada nesta semana pela Acinam consiste na distribuição de 1 milhão de adesivos com o número do 180 do Disque Denúncia, que serão colados nos galões de 20 litros de água comercializado pelos associados. Ao todo, são 14 empresas de todo o estado envolvidas na campanha.
“A Acinam está engajada nesta causa tão importante e urgente. Queremos divulgar o 180 para ajudar a conscientizar a população catarinense e evitar que mais mortes e agressões aconteçam”, afirmou o presidente da associação, Tarciano Oliveira. A campanha conta com o apoio da Associação Catarinense das Emissoras de Rádio e Televisão (Acaert).
Agência AL