Sessão solene em Chapecó celebra os 15 anos de criação da UFFS
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A Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), com sede em Chapecó, completa neste ano 15 anos de criação. Para marcar a data, a Assembleia Legislativa de Santa Catarina realizou, na noite desta sexta-feira (12), no Centro de Eventos Plínio Arlindo de Nes, em Chapecó, uma sessão solene, marcada por homenagens à comunidade acadêmica e às pessoas e movimentos sociais responsáveis pela mobilização que resultou na criação da primeira universidade pública do Oeste catarinense.
A solenidade foi proposta pela deputada Luciane Carminatti (PT), que integrou a comissão de implantação da universidade. A parlamentar destacou a importância da instituição não apenas para o desenvolvimento da região Oeste, mas para a inclusão de alunos de escolas públicas, de indígenas e de migrantes no ensino superior público e gratuito.
“Essa conquista foi resultado de muita luta, persistência e organização diante de tantos ‘nãos’ que nós recebíamos. E nós conseguimos vencer esses ‘nãos’”, lembrou Luciane. “90% dos alunos que estão na UFFS vêm de escola pública, e nós batalhamos muito para dar esse desenho à universidade.”
A deputada também lembrou que a universidade foi constituída com o objetivo de atuar pela formação de professores comprometidos com a escola pública e de médicos compromissados com o SUS. “Construímos uma universidade não do dogma, da divisão, do preconceito, mas para representar uma sociedade humana justa e solidária.”
Primeiro reitor da UFFS, Dilvo Ilvo Ristoff relembrou datas que marcaram a criação da instituição. Para ele, o momento mais inesquecível foi quando as aulas iniciaram. O começo, segundo ele, foi marcado principalmente por dificuldades estruturais. “Não tínhamos essas e muitas outras coisas, mas tínhamos algo muito precioso: um sonho definido, com o apoio dos movimentos sociais e das lideranças da região”, ponderou.
O atual reitor, João Alfredo Braida, apresentou os números expressivos da UFFS. Até o momento, são mais de 7,4 mil pessoas graduadas. A instituição conta com mais de 2,3 mil vagas em 53 cursos de graduação, além de pós-graduação, projetos de pesquisa, extensão e cultura.
“Estamos cumprindo a missão de mudar a realidade da região. Recebemos estudantes que nunca tiveram a oportunidade de chegar numa universidade pública”, disse o reitor, que, em nome da UFFS, homenageou a deputada Luciane Carminatti com uma cesta fabricada por povos originários da região e alimentos produzidos por agricultores locais.
Manifestações
Durante a sessão solene, membros da terra indígena Chimbamgue, de Chapecó, fizeram uma apresentação, na qual pediram a demarcação de terras indígenas e disseram não ao Marco Temporal. Moradores do Extremo Oeste pediram a instalação de um campus da universidade na região.
A UFFS mantém um programa de acesso e permanência dos povos indígenas. A aluna Marizete Jakaj Garcia, do povo kaingang, destacou a importância dessa inclusão. “Sou grata e feliz por representar o meu povo. Grata a UFFS por ter me colocado nessa posição de luta.”
A instituição também recebe migrantes que vem de outros países em busca de uma oportunidade. Christele Fanfan é uma dessas estudantes. “Significa muito para mim ser estudante numa universidade pública. O que já foi feito é algo grandioso.”
Luã Martini dos Reis, do Diretório Central Estudantil (DCE), reconheceu os feitos da UFFS, principalmente na inclusão de alunos de escola pública e na atuação em uma “região historicamente escanteada pelo litoral e pelos grandes centros”. Ele cobrou a consolidação da universidade, com políticas de permanência e investimentos pesados no orçamento.
O deputado federal Pedro Uczai (PT) e o ex-deputado federal Cláudio Vignatti foram homenageados durante a solenidade. Eles também participaram do movimento pela criação da UFFS
Vignatti foi autor do projeto de lei que deu origem à instituição, o que motivou o então presidente Lula a encaminhar um projeto de mesmo teor, transformado em lei em 15 de setembro de 2009. Para ele, a UFFS é resultado de uma “luta de todos, por uma universidade inclusiva, construída para servir quem realmente precise dela.”
Já Uczai ressaltou o papel transformador da UFFS na região Oeste, além de destacar os investimentos previstos pelo governo federal em ensino superior, por meio do PAC das Universidades. Ele defendeu a consolidação dos campi e a criação de um curso de medicina para atender o Extremo Oeste do estado, em São Miguel do Oeste.
Homenageados:
- Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS)
- Pedro Uczai
- Claudio Vignatti
- Campus Cerro Largo (PR)
- Campus Chapecó
- Campos Erechim (RS)
- Campus Laranjeiras do Sul (PR)
- Campus Realeza (PR)
- Dilvo Ilvo Ristoff, primeiro reitor da UFFS
- Movimento Pró-Universidade do Estado de Santa Catarina
- Movimento Pró-Universidade do Estado do Paraná
- Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)
- Santo de Luca, membro do movimento pró-universidade
- Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB)
- Movimento de Mulheres Camponesas (MMC)
- Movimentos Pequenos Agricultores (MPA)
- Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST)
- Central Única dos Trabalhadores (CUT) – Regional Oeste de Santa Catarina
- Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar (Fetraf)
- Sindicato dos Trabalhadores em Educação (Sinte-SC)
- Sindicato dos Comerciários (Sindicom)
- Sindicato dos Trabalhadores do Serviço Público Municipal de Chapecó e Região
- Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Carnes e Derivados de Chapecó e Região (Sintracarnes)
- Solante Maria Alves, primeira pró-reitora de graduação e membra da comissão de implantação da UFFS
- Antônio Inácio Andrioli, membro da comissão de implantação
- Cláudia Andrea Rost Snichelotto, primeira docente titular da UFFS
- Dariane Cardoso, primeira técnica administrativa em educação nomeada na UFFS
- Flávio Perlin Berni, primeiro técnico administrativo nomeado
- Bachelor Louis, primeiro imigrante diplomado pela UFFS
- Adelar Felix Nunes Manduca, primeiro indígena diplomado
- Isabel Verônica de Souza, egressa da universidade
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