Representante do MJ diz que estratégia é tirar celulares de presídios
Segundo o diretor de Inteligência Penitenciária do Ministério da Justiça (MJ), Sandro Abel Sousa Barradas, a estratégia do MJ é tirar os celulares dos presídios. A informação foi repassada aos policiais penais que participaram da 1ª Conferência Nacional da Polícia Penal do Brasil, realizada na tarde de quinta-feira (19), na Alesc.
“Ao longo da semana realizamos em 23 estados a Operação Mute, quatro estados ficaram fora, dois por questão de fuga de presos e outros dois porque não quiseram participar, mas agora querem. Em seis estados no Brasil não têm mais nenhum aparelho celular nos presídios”, revelou Barradas, referindo-se ao Espírito Santo, Rio Grande do Norte, Roraima, Pará, Piauí e Ceará.
O representante do Ministério da Justiça citou o caso de um celular apreendido em presídio de Sergipe que, após uma rápida investigação levada a cabo por um só policial, descobriu-se quinze homicídios planejados e determinados a partir do aparelho.
“Se não existisse esse celular talvez tivesse acontecido só um homicídio”, especulou o diretor de Inteligência Penitenciária.
No caso do Rio de Janeiro, a estratégia de apreender celulares iniciou em 2023 e já retirou dos presídios cerca de 7,5 mil aparelhos.
“O Rio impacta em 12 estados no Brasil e quis o destino que essa redução de celulares parecesse clara na queda da criminalidade. No Rio Grande do Norte não teve ordens de ataques de dentro do presídio; no Pará não tem um celular e caiu o número de homicídios; a Bahia retirou 2,5 mil celulares, senão estaria muito pior; em Pernambuco não baixou, mas também não tirou celulares; no Espírito Santo os líderes de facção ficam na mesma cela”, exemplificou Barradas.
O diretor de Inteligência do MJ instigou os policiais penais a cumprirem sua missão e revelou que em dezembro será realizada outra Operação Mute nas principais penitenciárias brasileiras.
Wagner Falcão, presidente da Associação de Policiais Penais da Paraíba (Ageppen-PB), concordou com o representante do Ministério da Justiça e ponderou o papel crucial desempenhado pelo policial penal para impedir o uso de celulares nos presídios.
“Tem de quebrar a comunicação”, resumiu.
Modelo para o Brasil
A polícia penal catarinense, de acordo com o representante do Ministério da Justiça, é referência para o Brasil.
“Acredito que temos aqui uma das melhores polícias penais da América Latina, é exemplo de incentivo ao trabalho e à educação nos presídios, mas o estado teve crises sérias no passado, que foram oportunidades para melhorar”, ponderou Barradas.
Ferdinando Gregório Quirino da Silva, presidente nacional da Associação dos Policiais Penais do Brasil (Ageppen-BR), destacou a importância dos policiais penais na política carcerária do estado e creditou ao deputado Maurício Eskudlark (PL) a criação da polícia penal barriga verde.
“É o padrinho da polícia penal, a primeira emenda constitucional foi apresentada em Santa Catarina e foi escrita na mesa do deputado Eskudlark”, confidenciou Gregório, que pediu ao deputado interceder junto ao governo do estado para “sanar a falta de efetivo, que já é uma falha crônica”.
Eskudlark agradeceu o reconhecimento da categoria e anunciou o protocolo de outra emenda à Constituição.
“Fui autor da primeira emenda colocando na Constituição a polícia penal, agora já se conseguiu avançar a nível de Brasil”, confirmou o deputado, acrescentando que apresentará em breve outra emenda para que o secretário de Administração Prisional e Socioeducativo seja escolhido pelo governador entre os servidores de carreira da polícia penal.
O caso dos agentes prisionais temporários
Eskudlark contou aos representantes dos policiais penais que participaram da 1ª Conferência da categoria que em Santa Catarina foi proposta uma emenda à constituição (PEC) para “efetivar’ os agentes temporários.
“Tentou-se efetivar os temporários, com todo respeito, aqui temos os efetivos e temos os temporários que fizeram concurso para dois anos, mas já foram para quatro, alguns para oito e também temos os aprovados no concurso esperando a nomeação. Aí entrou uma PEC para efetivar os temporários. Coloquei água no chope, fui para a tribuna e convenci os deputados e não passou a PEC. Temos de chamar quem passou no concurso, defendo que se chame todos os aprovados”, pontuou o deputado.
Conferência concorrida
Participaram da 1ª Conferência Nacional da Polícia Penal do Brasil representantes dos estados do Piauí, Santa Catarina, Paraíba, Acre, Amapá, São Paulo, Paraná e Minas Gerais, que lotaram o Plenarinho Paulo Stuart Wright.
Também prestigiaram o encontro os deputados estaduais Arlenilson Cunha, do Acre, e Jory Oeiras, do Amapá, ambos policiais penais; secretário de Administração Prisional e Socioeducativo, Carlos Alves; o presidente da Ageppen-SC, Alexandre Barba; e o ex-secretário de Justiça e Cidadania, Justiniano Pedroso.
AGÊNCIA AL