Ranário busca parceria para aumentar produção e exportar para Europa
Uma carne clara de sabor suave, rica em proteína e sem gordura. Apesar de saborosa e saudável, a carne de rã é pouco conhecida no Brasil, mas muito apreciada por europeus e americanos. O mercado promissor no país e ao redor do mundo fez o engenheiro de alimentos Flávio Lawless investir R$ 4 milhões num frigorífico processador de carne de rã, que viria a se tornar o único do país habilitado para exportar o produto catarinense a todos os continentes.
Hoje a Ranac, instalada em Antônio Carlos, na Grande Florianópolis, produz quatro toneladas de carne de rã por mês, vendendo os produtos para 10 estados e para o Chile. Avançar e exportar para a Europa e Estados Unidos significa aumentar a criação e a oferta de anfíbios para o abate. Para apresentar o processo de produção integrada e atrair novos parceiros, foi realizado na manhã desta sexta-feira (21), o I Encontro Ranac de Qualificação na Produção e Comercialização de Rã, no auditório da Prefeitura de Antônio Carlos, uma iniciativa do mandato do deputado Jailson Lima (PT).
Agricultores de 12 cidades do Sul e do Alto Vale participaram do evento e conheceram a cadeia de produção e os investimentos necessários para a criação dos anfíbios. Segundo o empresário Flávio Lawless, a Ranac é a única empresa do mundo a processar a carne de rã a partir da parceria com criadores próprios. Isso garante 100% da rastreabilidade dos produtos.
“Somos a única empresa no mundo com essa característica, o que nos habilita a exportar para qualquer continente”. A empresa, garante Lawless, tem todas as certificações sanitárias do Ministério da Agricultura e segue os principais padrões internacionais de produção. “Estamos preparados para crescer, mas precisamos de mais parceiros”.
Jailson Lima destacou o empreendedorismo e a coragem do empresário em se lançar na produção de rã, que é novidade no estado. “Quando vemos um frigorífico de suínos produzindo, sabemos que alguém começou aquilo ali. Assim é com a produção de rã. A percepção deste empresário nos mostra aonde podemos chegar”, refletiu. O deputado lembrou que mais de mil aviários foram fechados no estado e que estes produtores podem migrar para a produção de rã. “Dá menos trabalho e mais rentabilidade do que frango”, garantiu.
Produção Integrada
A parceria da Ranac para a criação dos anfíbios passa por um processo de avaliação das condições do produtor, que inclui visita técnica à propriedade, treinamentos e apoio para captar linhas de financiamentos para a construção dos viveiros. Por fim, inicia-se a criação. O ciclo de crescimento até o abate da rã dura em média cinco meses. Ração própria e a água dos tanques a temperatura constante de 20 graus Celsius garantem o desenvolvimento dos anfíbios. Hoje são 11 famílias criadoras na Grande Florianópolis (três de Antônio Carlos), todas com licenciamento ambiental da Fatma.
A construção de um galpão médio com os tanques e os demais equipamentos necessários têm um custo de R$ 120 mil.”Neste espaço, é possível criar 60 mil animais”, explicou o empresário. A rã deve ter entre 180 e 200 gramas para o abate. Neste espaço, calcula-se uma produção média de 6 mil animais por mês para o abate. A Ranac paga R$ 0,70 por rã. Segundo Lawless, os lucros chegam a R$ 4.200 mensais, contando com a mão-de-obra familiar. “Como contrapartida temos assistência técnica e logística, e fornecemos os animais e a ração, nos mesmos moldes da produção integrada na avicultura. É perfeitamente possível adequar a estrutura de uma granja desativada para a produção de rã”.
Os estudos para a implantação da Ranac foram em 2006. Em março de 2010, aconteceu o primeiro abate do frigorífico. A capacidade máxima de produção é de 34 toneladas ao mês. Hoje é de quatro toneladas, por falta de matéria-prima. O prefeito de Antônio Carlos, Antonio Paulo Remor (PP), diz que apesar da vocação agrícola do município, a criação de rã surge como alternativa econômica para as famílias que trabalham na lavoura. “É uma atividade potencial que recebe todo nosso apoio”, destacou.
Mercado consumidor
A criação catarinense ocorre durante o ano todo, diferente da Tailândia, China e Indonésia. Os países são os maiores produtores, mas criam as rãs de forma artesanal nas lagoas da rizicultura. “Logo, não há rastreabilidade do produto. Este é nosso diferencial”, frisou o dono da Ranac, que mantém contatos avançados para exportar para a França e Japão em breve. Antes, porém, é preciso aumentar a criação dos anfíbios.
A carne de rã é uma iguaria que ganha força com a divulgação do produto mundo afora. Pode ser preparada em diversas receitas, com molhos e recheios, como aperitivo, no forno ou frita. Tem 0% de gordura, 24% de proteínas e apenas 7% de colesterol. Estudos buscam confirmar a ingestão da carne de rã em tratamentos de saúde, como suplemento alimentar. Além disso, busca-se o aproveitamento do couro para a produção de bolsas e sapatos.
Rádio AL