Exposição de esculturas valoriza material típico da região Sul
A finalidade da exposição de esculturas “Nós do Sul”, do artista plástico Jorge Schröder, vai além dos aspectos culturais. De acordo com o escultor, ela tem um propósito didático e serve como um sinal de alerta, ao dar destaque ao nó de pinho, um material do Sul do Brasil que está em extinção.
“Com as esculturas, consigo colocar esse material, que tem uma nobreza ímpar, uma característica típica da nossa região, num patamar mais elevado. Espero que as pessoas possam percebê-lo de outra forma, e não somente com o objetivo de queima e de produção de calor”, salientou o artista.
A série produzida por Schröder conta com 20 esculturas exclusivas feitas com nós de pinho, sendo que 16 delas estão expostas no hall do Legislativo catarinense. Esta quinta-feira (13) é o último dia para visitação da mostra na Galeria de Arte Ernesto Meyer Filho da Assembleia Legislativa. A exposição é aberta ao público das 8h às 19h.
O projeto e o material
A matéria-prima das peças é parte do galho da araucária, que permanece perene após a morte natural da árvore. “Tem o valor histórico, por não ter sido objeto de depredação da natureza e sim da própria seleção natural, o que enriquece muito o material. Também é preciso ressaltar que o nó de pinho está em processo de extinção, pois é o substrato de um pinheiro que teve que morrer naturalmente”, explicou.
A madeira do chamado “pinheiro brasileiro” foi explorada por serrarias, predominantemente para exportação, até meados do século passado. Os nós eram vendidos para consumo em lareiras ou carvoarias.
Segundo o escultor, o nome da exposição, “Nós do Sul”, é uma referência à ocorrência da espécie, que se dá majoritariamente na região Sul do Brasil, bem como no leste e sul do estado de São Paulo e no extremo sul do estado de Minas Gerais.
As obras são resultado da primeira experiência do artista com nós de pinho. “Fui presenteado por um amigo de Jaraguá do Sul com algumas unidades de nó de pinho. Quando comecei a entender o material, tornou-se uma paixão e eu tentei explorar as possibilidades dele ao máximo, mantendo a sua forma cuneiforme, para que as pessoas conseguissem identificá-lo, mas o apresentando como uma obra de arte, para que se dê o devido valor ao material, que é visto simplesmente com a finalidade de produção de calor”, disse.
Schröder destaca as qualidades do nó de pinho e o compara ao marfim dos elefantes. “Consideradas as diferenças evidentes de que um é de origem vegetal e o outro animal, vale ressaltar que são produtos orgânicos e eternos.”, falou. “O nó de pinho é um material nobre, de resistência elevada, que pode ser usado de diversas formas, como objetos de design ou até mesmo joias. Por exemplo: uma das peças foi feita a partir de uma árvore com mais de 400 anos de idade”, completou.
Conforme o artista, a aparência do nó de pinho é preservada naturalmente em decorrência de uma resina interna conhecida como goma laca brasileira. Nas obras de arte, esta resina é a responsável pelo efeito de brilho nas peças, dado somente por meio de polimento, sem a necessidade de aplicação de qualquer tipo de verniz.
O artista
Jorge Schröder é natural de Cruz Cruz Alta (RS), mas vive na cidade catarinense de Balneário Camboriú há mais de 15 anos, onde mantém seu ateliê.
Escultor autodidata, trabalhou no ateliê de Francisco “Xico” Stockinger, artista plástico austríaco naturalizado brasileiro que se destacou como um dos principais escultores modernos do país.
São mais de 30 anos dedicados à escultura. Schröder tem uma trajetória consolidada, baseada em pesquisas e viagens pela América Latina e Europa. Técnico em desenho de móveis e acadêmico de Design Industrial, o escultor produz suas peças com elementos como metais, madeiras e resinas.
O artista possui obras em acervos de museus, galerias de arte, fundações culturais, universidades, coleções particulares e logradouros públicos. Entre eles, o Museu de Artes de Santa Catarina (Masc). (Ludmilla Gadotti)
Rádio AL