O desenvolvimento de liderança no setor público e os desafios para mulheres
As mulheres têm tudo para dominar o mundo e elas não precisam ocupar o lugar do homem ou agir como homem e sim utilizar sua feminilidade. Essa foi uma das mensagens repassada pelo coordenador do Laboratório de Liderança & Gestão Responsável (LGR) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), professor e doutor em administração de empresas na Alemanha, Cristiano José Castro de Almeida Cunha, que ministrou o tema O Desenvolvimento de Liderança no Setor Público, no Auditório Antonieta de Barros, na tarde desta sexta-feira (4).
A palestra fez parte da programação do segundo dia do Congresso de Liderança Política Feminina, promovido pela Assembleia Legislativa e o Tribunal Regional Eleitoral de Santa Catarina (TRE-SC) e organizado pela Escola do Legislativo Deputado Lício Mauro da Silveira e Escola Judiciária Eleitoral de Santa Catarina.
O professor abordou a questão da liderança na visão moderna, relatando o que é liderança, as características de um líder, de como desenvolver a liderança e os desafios para as mulheres na liderança. “Na visão moderna, um líder é uma pessoa que influencia de forma ética e não coerciva”, resumiu, lembrando que até os anos 70 existia havia a crença que para ser líder precisa ser machista. “Era outra época, outra sociedade. Não se podia questionar os pais. Hoje é o conhecimento que vigora e com o conhecimento não há autoritarismo.”
Para Cristiano, o líder tem que ter relacionamento. “Não existe líder sozinho. A pessoa pode ser nomeada chefe, mas para ser líder precisa de autorização do grupo, das pessoas.” De acordo com os estudos do Laboratório de Liderança & Gestão Responsável, um líder perde o poder quando não consegue resolver os problemas ou quando as pessoas do seu grupo percebem que ele está mais interessado em si próprio e não no coletivo. “Não existe grupo humano sem a liderança. Essa liderança muda conforme as necessidades, como por exemplo, nos casamentos, quando às vezes o homem é o líder e em outros momentos a mulher.”
A autoconsciência, a aprendizagem rápida, comunicação e a influência são as quatro competências citadas pelo professor para um bom líder. Explicou que o líder tem que saber analisar as situações que passa para saber utilizar as novas tecnologias, ter uma boa comunicação com o grupo e conseguir influenciar as pessoas pela lógica, cooperação e emoção.
A emoção e a cooperação estão entre as características de destaque das mulheres na liderança, tanto que homens já estão participando de cursos para conquistarem essas características, salientou o professor. “Atualmente, os homens estão perdidos. Qual é a nossa reação a determinadas situações? Por isso, procuramos aprender sobre a emoção e a cooperação.”
Ele destacou ainda que ninguém aprende a ser líder lendo livros ou por meio de manuais de aprendizagem. Para ser líder, enfatizou, é por meio das experiências. “O líder vai errar, mas tem que ser resiliente. A dificuldade é que vai fazer avançar, tem que ir a campo, enfrentar os desafios”. Para o professor, o grande desafio atual é o estereótipo de gênero e os desafios da mulher ocorrem por existir nas organizações: um teto de vidro (invisível em que as mulheres não podem ultrapassar determinados cargos), elevador de vidro (onde os homens sobem mais rapidamente), penhasco de vidro (em que mulheres são colocadas em cargos de risco, se der certo tudo bem), labirinto (com caminhos diferentes para homens e mulheres) e a síndrome da abelha rainha (onde a mulher que conquista o espaço dele não deixa outras subirem).