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04/10/2019 - 16h56min

Deputadas incentivam mulheres a derrubar portas e dominar partidos

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Deputada Paulinha
FOTO: Bruno Collaço / AGÊNCIA AL

As deputadas federais Margarete Coelho (PP/PI) e Angela Amin (PP/SC) e a deputada Paulinha (PDT) incentivaram as mulheres a derrubar portas e a dominar as estruturas partidárias durante o Congresso de Liderança Politica Feminina, que continua nesta sexta-feira (4) na Assembleia Legislativa.

“Precisamos arrebentar a porta dos partidos, chega de homens nos partidos, a democracia deu um protagonismo ímpar para os partidos, são os donos das candidaturas, donos dos fundos, da propaganda, mas não podem ser donos das nossas vontades e da nossas realizações. É pé na porta, entrar, tomar conta, partir para cima, e, em contrapartida, preparar para a cidadania, preparar o eleitor e preparar os candidatos”, advogou Margarete Coelho.

“Sejam corajosas, audaciosas, se conciliem com seus desejos e suas vontades. Dói, demora, mas quando se dá esse passo adiante, além de viver mais feliz, faz as pessoas do nosso entorno mais felizes”, indicou Paulinha (PDT), que defendeu um percentual de cadeiras nos parlamentos para as mulheres ao invés de apenas uma cota para candidatas.

“O partido é um ambiente masculino, sempre defendi que as executivas tivessem uma participação mais equilibrada, agora a Justiça vai decidir, inclusive já existe essa orientação para que as convenções formatem uma executiva dentro desta norma, mas a cota de 30% não resolve se não tivermos a capacidade de participar das decisões do partido”, indicou Angela Amin.

A ex-prefeita de Florianópolis lembrou do corre-corre dos partidos para cumprir a cota de 30% de candidatas.

“Saem atrás de mulheres, sem preparo, para preencher por preencher, mas alguns partidos estão sendo punidos por colocarem uma mulher como fantoche, exigindo que o dinheiro retorne para as candidaturas de homens, foi detectado e vai ser punido”, declarou a deputada.

Conselhos para as candidatas
Margarete Coelho deu dicas às candidatas e comparou o discurso das mulheres ao dos homens.

“Tenha bandeira claras, você precisa dizer o quer liderar, qual é o seu tema, seu trabalho. Não use um tema vago, ‘eu quero cuidar’, ‘zelar’, isso é usado contra nós. Os homens fazem discurso de que vão construir, discurso feito de concreto e nós do amor. Isso passa uma imagem de fragilidade e a política está cheia de quem quer se dar bem na vida, de corrupto e corruptores, e ‘as mulheres não nasceram para isso’, ‘nem para ser corrupta serve’, ‘é boba’, é como se tivéssemos nascidas sem a vontade do poder”, argumentou a deputada federal do Piauí.

Margarete relativizou o mito de que mulher não vota em mulher e creditou o dito popular à falta de opções.

“Essa história de que mulher não vota em mulher é a solidariedade às avessas, a verdade é que não temos candidatas mulheres para votar, são 30%, foras as candidatas laranjas! Mas a mulher é extremamente cuidadosa em quem vai votar, não importa se é homem ou mulher, não que desconfie da mulher, se não tem candidata mulher, acaba votando no homem, sempre decidindo por último, permanecendo indecisa até a última quinzena”, ponderou Margarete, que sugeriu às candidatas priorizar as últimas semanas do horário eleitoral e dirigir os discursos às mulheres.

Paulinha destacou o empoderamento das pessoas e aconselhou a ignorar o contracheque.

“Se posso dar um aconselhamento é parem de classificar pelos contracheques, pela forma como são contratadas, não importa se é efetivo, comissionado, terceirizado, você tem de lidar com os potenciais que eles têm, quando você abre essa fronteira e descontrói essa hierarquia do tempo do Império, você descobre talentos e as pessoas empoderadas mudam o mundo”, garantiu a representante da bancada feminina da Alesc.

Angela Amin propôs um questionário de três perguntas que os candidatos, homens ou mulheres, deveriam responder antes da aventura das urnas.

“É fundamental responder três perguntas: para quê?, por quê? e a mais importante, e se perder? Temos de estar muito preparadas para o processo do perder, já perdi três vezes, temos de ter a capacidade de avaliar os acertos e desacertos, virar a página, seguir em frente e não levar uma mágoa, porque não vai ser bom para ti e muito menos para aqueles com quem convives”, ensinou Angela.

Três histórias
Falando para um público quase exclusivamente de potenciais candidatas nas eleições de 2020, Margarete, Angela e Paulinha contaram histórias pessoais que ajudaram a forjar as atuais líderes.

Paulinha descreveu sua caminhada até chegar ao plenário Osni Régis.

“Me davam a vaga para concorrer por uma cota, deu certo, me elegi vereadora. Me candidatei a prefeita, eram cinco concorrentes; fui à reeleição, a única eleição em que era uma constatação de todos a nossa vitória. Na candidatura a deputada estadual novamente o menosprezo, até de grandes amigos, de homens que sei que gostam de mim, ‘é muito querida, legal, mas não vai fazer 15 mil votos!’. Nossa espontaneidade e nossa fragilidade nos impõem esse menosprezo”, alertou Paulinha.

Margarete era vice-governadora do Piauí e, na ocasião, governadora em exercício, quando houve um levante de presos.

“Uma rebelião de presos com greve de agentes, polícia em estado de greve, uma fuga coletiva projetada de três mil homens. Chamei o comandante da PM, organizamos um plano sem uso de armas letais e corri para igreja, me ajoelhei pedindo por aqueles presos porque eu tinha autorizado a invadir o presídio com armas não letais. Não houve nada, deu tudo certo”.

Angela surpreendeu até os mais próximos e revelou a dificuldade de encarar os estudantes da UFSC quando retornou para cursar Mestrado, tudo por causa do enfrentamento ocorrido na implantação do transporte integrado de Florianópolis.

“Tive muita dificuldade para entrar na universidade, sofri um desgaste muito grande quando da implantação do transporte coletivo e os estudantes universitários tiveram um papel importante. A primeira vez vocês não têm ideia, tive de encostar na parede para me sentir mais segura naquele ato de coragem de enfrentar uma dificuldade que era minha, foi uma superação pessoal, ‘eu consigo conversar contigo’, ‘consigo passar pelo teu lado’”, contou Angela.

 

 

Vítor Santos
Agência AL

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