Política de combate ao Aedes é falha, criticam deputados
A política de combate ao Aedes aegypti, que transmite dengue, chikungunya e zika, recebeu críticas dos parlamentares na sessão ordinária desta quarta-feira (10) da Assembleia Legislativa. “A política para combater o Aedes tem falhado, fiz vários discursos criticando a forma simplificada com que foi feita a municipalização do combate. Sem controle unificado, muitos municípios não combateram o mosquito”, afirmou Fernando Coruja (PMDB).
Segundo o deputado, Santa Catarina tem uma política eficaz e conta com o auxílio do clima frio. “Mas tem casos de zika”, lamentou Coruja, que destacou o fato de que no dia 1º de fevereiro o governador anunciou que o estado tinha apenas um caso de zika, enquanto no outro dia a Secretaria de Saúde relatou cinco casos.
O representante de Lages também citou o impacto negativo nas Olímpiadas. “O Aedes é motivo de preocupação, os Estados Unidos podem autorizar atletas para não virem”, informou. Serafim Venzon (PSDB) classificou os surtos de dengue, chikungunya e zika de “epidemias”. Já o deputado Antonio Aguiar (PMDB) concordou com os colegas. “O Brasil está sofrendo com a zika”, repetiu Aguiar, que sugeriu a criação de uma frente parlamentar para acompanhar o combate ao Aedes no estado.
Segurança pública em Joinville
Mauricio Eskudlark (PSD) repercutiu na tribuna as mudanças efetivadas pelo governador na cúpula da Segurança Pública em Joinville. Segundo o deputado, que já chefiou a Polícia Civil no estado, os homicídios devem diminuir na Manchester barriga verde. “A diminuição vai ocorrer pelo trabalho, pelas mudanças que estão sendo feitas, assim como ocorreu em Florianópolis”, comparou Eskudlark.
De acordo com o deputado, entre os anos 2000 e 2010 ocorreram cerca de mil homicídios na Capital. “Mais de 950 homicídios por causa de brigas de tráfico”, registrou o ex-delegado, que garantiu que no caso de Joinville não se trata de confronto entre organizações criminosas como o PCC e o PGC. “São gangs, pequenos marginais que se tornaram perigosos, sentem-se mais fortes e estão criando clima de terror, mas não é briga de facção”, garantiu Eskudlark.
Kennedy Nunes (PSD), ao contrário, responsabilizou as organizações criminosas pela onda de violência. “Prenderam ontem o maior líder do PCC em Santa Catarina, estava no bairro Jardim Paraíso, era o que trazia as ordens de São Paulo”, revelou.
Hospitais São José e Ruth Cardoso
Kennedy Nunes repercutiu na tribuna a decisão do prefeito de Joinville de não mais contratar médicos residentes para atuarem no Hospital São José. “Gerou comoção na cidade, o prefeito disse que o Hospital São José ficaria igual ao Dona Helena, que na saúde não faltava dinheiro, mas gestão. Ele iludiu as pessoas”, avaliou Kennedy, que lembrou que o São José é um hospital-escola.
O deputado ainda criticou a intenção do prefeito de fechar postos de saúde. “O projeto é fechar metade dos postos de saúde, dão muito prejuízo”, ironizou o deputado. Além disso, Kennedy informou que o prefeito rompeu acordo com os municípios da região. “O hospital não vai mais atender ninguém da região. Não era esse tipo de gestor que Joinville esperava, enxugar a máquina não é cortar médico”, ensinou o parlamentar.
Leonel Pavan (PSDB) citou o caso do Hospital Ruth Cardoso, de Balneário Camboriú. “Está um caos, mau atendimento, falta de compromisso com o servidor público e falta de material humano”, descreveu Pavan, que fez um apelo ao prefeito Edson “Piriquito” Dias. “A população pede socorro, o hospital está morrendo, ou o prefeito dedica atenção ao problema ou teremos uma entidade ainda mais penalizada”, analisou o ex-governador.
Antonio Aguiar defendeu os prefeitos de Joinville e Balneário Camboriú e questionou o que os deputados Kennedy Nunes e Leonel Pavan fizeram pelos referidos hospitais. Em aparte, Pavan declarou que destinou R$ 16 milhões ao Ruth Cardoso quando era governador e R$ 500 mil de emenda parlamentar.
Milho x produtores de suínos
Natalino Lázare (PR) abordou a crise vivida pelos suinocultores catarinenses, emparedados pela alta do milho e queda no preço do porco vivo. “Fizemos uma reunião da Comissão de Agricultura e elaboramos um documento com a Faesc, a Fetaesc e os criadores de suínos”, explicou Natalino, detalhando em seguida que o setor reivindica a redução da alíquota do ICMS de 12% para 6%. “Assim quem vende suínos para outros estados terá competitividade”, justificou.
Natalino também revelou que durante os debates surgiu a ideia de transportar o milho do Centro-Oeste de trem até Santa Catarina. “Trazendo o milho até Mafra ou Lages, é uma medida inteligente”, classificou o representante da região de Videira. Gabriel Ribeiro (PSD), de Lages, elogiou o encaminhamento e calculou a demanda em cerca de 100 vagões diários. Eskudlark também elogiou a medida e comparou o custo do transporte rodoviário com o ferroviário. “Seriam necessárias 100 mil viagens de carreta, cerca de R$ 5 bi de frete”.
Para Dirceu Dresch (PT), o aumento do milho “estava escrito há mais de 30 anos”. O deputado responsabilizou o livre mercado pelo aumento de preços e lembrou que o problema poderia ser minimizado se os armazéns da Conab não tivessem sido privatizados. Valdir Cobalchini (PMDB) afirmou que a crise atinge um setor essencial da economia catarinense. “Estamos muito preocupados com o que possa a vir acontecer”, revelou o parlamentar, que citou o caso de migrações de grandes agroindústrias para o Centro-Oeste.
36 anos do PT
Dirceu Dresch comemorou no Plenário a passagem de 36 anos de fundação do Partido dos Trabalhadores. “São 36 anos de lutas e conquistas transformadoras, são 13 anos no poder, com avanços sociais inegáveis. O PT enfrentou a fome e a desigualdade social, a falta de acesso ao ensino superior e tecnológico, o desamparo do estado para setores estratégicos como petróleo e a agricultura familiar”, discursou Dresch.
O parlamentar afirmou que as conquistas dos trabalhadores acirrou o ódio dos conservadores. “Gente que torce para que o Brasil volte a ficar na mão das multinacionais, mas o PT acredita no estado a serviço do bem-estar social e os outros defendem o estado mínimo”, declarou o representante de Saudades.
Dresch se solidarizou com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, acusado de receber mimos de empreiteiras. “Lula tem sido vítima da imprensa irresponsável e do aparelho do Estado, que divulgam fatos distorcidos para transformar Lula em vilão”, sustentou. Segundo Dresch, o senador Aécio Neves (PSDB/MG) utilizou 129 vezes o jatinho do governo de Minas Gerais para ir ao Rio de Janeiro e Florianópolis, além de ter sido o destinatário de um terço da propina de Furnas.
Roger Bittencourt
Antonio Aguiar lamentou a morte do jornalista Roger Bittencourt, vitima de atropelamento quando pedalava na SC-401, no Norte da Ilha, no fim de 2015. “Ele era um entusiasta do ciclismo”, lembrou Aguiar, que contou que Bittencourt, alguns dias antes de morrer, elogiou um folder elaborado pelo gabinete do deputado sobre os sinais dos ciclistas. “É um guia de convivência entre ciclistas e motoristas, o sinal mais importante é de manter distância de 1,5 metro dos ciclistas”, citou Aguiar.
Agência AL