/
Audiência pública debate falta de leitos e infraestrutura hospitalar da região Norte
Aproximadamente 160 pessoas participaram da audiência pública da Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa de Santa Catarina (Alesc) que discutiu a organização hospitalar de Joinville e região. O deputado Dalmo Claro (PMDB) propôs a sessão e justificou a necessidade de se aprofundar o debate. “Temos uma carência muito grande de leitos que tende a se acentuar no futuro com o crescimento da população”, analisa. Segundo o parlamentar, a região precisa de um hospital moderno, que atenda a contento à população. Dalmo sugeriu medidas para otimizar o aproveitamento dos hospitais existentes, como a especialização e a vocação do hospital municipal São José, de Joinville, em pronto-socorro. “Queremos levantar as sugestões para definir as diretrizes e orientar os investimentos”, argumenta Dalmo Claro.
Na abertura do evento, o médico Wladimir Taborda (SP), especialista em gestão hospitalar, abriu às discussões com a palestra “Um cenário atual do desempenho e planejamento de hospitais públicos e privados do Brasil”. Segundo Taborda, recentes estudos apontam que o hospital moderno deve ter no mínimo 150 leitos e contar com equipe multidisciplinar em três especialidades: neurologia, oncologia e traumatologia. “A expectativa de vida do brasileiro subiu para 76 anos. Isso tem impacto direto no aumento de casos de AVC, câncer e Alzheimer”, exemplifica Taborda. A traumatologia é outra especialidade médica que deve ser absorvida.
Para o especialista, é fundamental a capacitação dos funcionários, a profissionalização na gestão e a utilização de ferramentas da tecnologia da informação para otimizar o serviço e reduzir gastos. “O RH é o principal custo para a manutenção de um hospital, seja ele público ou privado. Em média, 70% dos recursos são direcionados para cobrir a folha de pagamento”, afirma.
A falta de leitos hospitalares é uma realidade no Estado. Na região norte, são seis hospitais públicos que juntos somam 844 leitos e 71 leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI). “Para suprirmos esse deficit, seriam necessários 1.500 leitos e 150 leitos de UTI”, sinaliza Dalmo Claro, que apresentou alguns índices sobre a estrutura hospitalar de Joinville e região. Segundo os dados da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), em Joinville, 39,1% da população tem plano de saúde. Nos municípios da região esse índice é de 19,8%. No total, na região norte, 34,9% da população é beneficiária de algum plano de saúde. Isso reforça a tese de mais investimentos no SUS e a construção de um novo hospital.
Segundo o Ministério da Saúde, são necessários 3 leitos para cada mil habitantes. Destes, 10% são leitos de UTI. Na região norte, existem 705.982 habitantes, sendo que 549.044 pessoas não têm plano de saúde (dados 2014). Existe a necessidade de mais 1.377 para sanar o deficit atual de 533 leitos. Já o deficit de leitos de UTI chega a 66. “Com a taxa de crescimento populacional a 3,47% a.a a região nordeste do Estado terá mais de R$ 1,2 milhão de pessoas em 2030. Iniciamos uma discussão para buscarmos um modelo de hospital que se sustente e que funcione a contento. A sociedade tem clamado por unidades hospitalares resolutivas”, argumenta Dalmo Claro.
Na palavra-livre, entidades e cidadãos puderam se manifestar. O deputado Dalmo Claro se prontificou em receber os pleitos e apresentá-los na Comissão de Saúde da Alesc. O prazo para o recebimento das sugestões será de 30 dias.
O médico Antônio Garcia, presidente da Sociedade Joinvilense de Medicina (SJM), reiterou que a estrutura hospitalar de Joinville não comporta sequer a necessidade local. “É uma estrutura sucateada e subdimensionada que atingiu seu ponto crítico”. A SJM defende a construção de um hospital geral oncológico, que seja eletivo e com perfil universitário.
Para o secretário de Estado da Saúde, João Paulo Kleinübing, os desafios na gestão hospitalar incluem discutir especialização, complexidade e vocação de cada hospital. “Simplesmente agregar novos leitos não trará ganhos”, analisa. Segundo o secretário, dados do Governo demonstram, em média, baixas taxas de ocupação na rede hospitalar catarinense. “Há muita ociosidade, precisamos vocacionar os grandes hospitais para a alta complexidade e otimizar os atendimentos”, acredita Kleinübing.
A secretária de Saúde de Joinville, Francieli Cristini Schultz, informou que a folha de pagamento dos servidores da prefeitura de Joinville da área da saúde representa R$ 10 milhões mensais. Além do município investir 37,5% do seu orçamento no setor. “O custeio do Hospital Municipal São José consome 10% do orçamento do município. A prefeitura não tem condições de contribuir com um novo hospital”, adiantou.
O gerente regional de saúde, Henrique Deckmann e Cléia Aparecida Clemente Giosole, que preside o Conselho Municipal de Saúde de Joinville, pediram prioridade nos investimentos na atenção básica à saúde.
O vereador Douglas Elias da Costas, de Barra Velha, anunciou que o município tem a intenção de receber o novo hospital da região e que disponibilizará uma área de 25 mil m².
A audiência ocorreu durante toda a tarde de sexta-feira, 7, no Salão Nobre da Associação Empresarial de Joinville e reuniu autoridades políticas, empresariais, médicas, da área da saúde e entidades educacionais e sociais. “Foi uma audiência de extrema importância porque Joinville é referência na alta complexidade e tem hoje carências na área hospitalar que devem ser discutidas. Quais as necessidades atuais? Qual a estrutura hospitalar ideal para os próximos 15 anos? Qual complexidade que deve ter um hospital? São questões que devemos estudar e planejar ações. O crescimento populacional é intenso e como agentes públicos devemos assegurar o acesso e o melhor tratamento ao cidadão catarinense”, afirma Dalmo Claro.
Os participantes e interessados podem enviar sugestões para o e-mail deputadodalmo@alesc.sc.gov.br. Os dados serão compilados e será redigido um documento final que será público e encaminhado ao governo do Estado.
fotos Agência Alesc: http://agenciaal.alesc.sc.gov.br/index.php/foto_noticia_single/audiencia-publica-organizacaeo-hospitalar-na-regiaeo-nordeste-de-sc#!prettyPhoto
Gabriel Baggio - Jornalista
Assessor do Deputado Dalmo Claro
(47) 8809-2679 - (47) 3433-4554 gb7900@alesc.sc.gov.br
Facebook: /doutordalmo
Twitter: @Deputado_Dalmo
