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20/04/2017 - 16h48min

Seminário sobre autismo aborda inclusão escolar e integração pais/escola

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FOTO: Solon Soares/Agência AL

O município de Chapecó, no Oeste catarinense, recebeu nesta quinta-feira (20) o seminário "Autismo: outra visão do mundo". Promovido pela Comissão de Defesa dos Direitos da Pessoa com Deficiência da Assembleia Legislativa, em parceria com a Escola do Legislativo Deputado Lício Mauro da Silveira, o evento propôs uma troca de conhecimentos e experiências a partir da abordagem de temas relacionados ao autismo, abrangendo a saúde, educação e inclusão escolar. 

Voltado para profissionais das áreas de educação, saúde e assistência social, representantes de entidades sociais e familiares de autistas, o seminário contou com o apoio da Associação Catarinense de Autismo (Asca), Associação de Pais e Amigos dos Autistas de Chapecó e Região (Ama Oeste) e Agência de Desenvolvimento Regional de Chapecó. Com enfoque na abordagem multidisciplinar, o encontro ofereceu três palestras envolvendo temas como diagnóstico, inclusão e políticas públicas, reunindo aproximadamente 700 pessoas ao longo do dia.

Atendendo sugestões e reivindicações para fomentar cada vez mais o diálogo sobre o tema, o seminário vem contribuir com a implantação  da Lei 13.036/2013, que estabelece em Santa Catarina a Política Estadual de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista (TEA). Representante da região Oeste no Parlamento, a deputada Luciane Carminatti (PT) enalteceu o trabalho da comissão, que ao longo dos últimos anos vem desempenhando um importante papel na disseminação da informação em relação ao autismo.

Ao pontuar a relevância do debate, a parlamentar destacou que somente em Chapecó existem cerca de 300 pessoas com TEA, fora outras crianças ainda não diagnosticadas. “Nosso maior desafio é vencer o preconceito, uma vez que qualquer pessoa autista tem direito à plena convivência, tanto na escola, quanto na sociedade, assegurado por lei.” Na ocasião, Luciane afirmou que a proposta do evento contribui para a compreensão e melhores formas de saber atuar com as crianças em espaços educacionais e sociais.

O autismo
O autismo é um transtorno de desenvolvimento que geralmente aparece nos três primeiros anos de vida e compromete as habilidades de comunicação e interação social.  Crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA) já começam a demonstrar sinais nos primeiros meses de vida: elas não mantêm contato visual efetivo e não olham quando você chama. O diagnóstico do autismo é clínico, feito através de observação direta do comportamento e de uma entrevista com os pais ou responsáveis. Os sintomas costumam estar presentes antes dos 3 anos, sendo possível fazer o diagnóstico por volta dos 18 meses.           

Palestras
A especialista em Educação Especial e Administração Pública, Marcia Regina Machado Santos Valiati, ministrou a palestra: "Compreendendo o autismo: aspectos clínicos e pedagógicos". Ao dividir sua experiência, adquirida em 32 anos de convívio com o autismo, Marcia revelou que a compreensão é fundamental desde os primeiros passos para formar o diagnóstico.
Segundo a especialista, descobrir o diagnóstico não é algo difícil, mas necessita de um cuidado especial para a sua conclusão, uma vez que muitos dos pediatras não conseguem identificar, por falta de instrumentos formais, a síndrome no primeiro contato com a criança. “Diante desse fato, atualmente trabalhamos dentro de um espectro do autismo para viabilizar um diagnóstico através do uso de instrumentos simples de formação."

Entre os desafios a serem vencidos, Marcia apontou a escola como uma questão de relevância. “Precisamos partir para uma escola nova, aquela que abrange a verdadeira inclusão, mas para isso é necessário que as pessoas mudem a maneira de pensar e agir, tornando-se flexíveis para possibilitar a inclusão. Inclusão não é fácil, mas sim construída.”

Experiência maternal
Mãe de um jovem autista, a paulista Anita Brito participou do encontro com a palestra "Autismo e inclusão: da teoria à prática". Ao compartilhar sua vivência ao lado do filho Nícolas Brito, de 18 anos, Anita afirmou que a participação e o apoio da família são fundamentais para o desenvolvimento e, principalmente, a inclusão social. “É preciso entender e aceitar que um filho autista é especial como qualquer outro filho.”

Em quase duas décadas de convívio com um filho autista, ela ressaltou que existem vários tipos de autismo, mas independentemente do grau, não é o diagnóstico que define o potencial da criança, mas ela própria através do apoio e expressão. “Socialmente ou na escola, que a criança autista tem o direito de frequentar assegurado na Constituição Federal, é preciso haver respeito. A partir do momento que uma escola trabalha com um autista, ela é diretamente responsável por grande parte do desenvolvimento dessa pessoa no futuro.”

Estudante do ensino médio, Nicolas teve todo o apoio da família, que ao longo dos anos resultou em sua formação e principalmente no desenvolvimento das suas habilidades. Hoje atua como fotógrafo e palestrante ao lado da mãe. Com a palestra "Como é ser um autista", o jovem contou a trajetória de vida, que resultou na conquista da sua inclusão na sociedade.

Mesa-redonda 
Após a apresentação dos conteúdos, uma mesa-redonda fechou o encontro com a temática “A importância do trabalho desenvolvido pelas Organizações Governamentais e Não Governamentais em prol do autista”. À frente da coordenação dos trabalhos, o presidente da AMA Oeste, Paulo Zamboni, frisou que o evento vai além de capacitar através da informação, pois o trabalho identifica na sociedade onde estão os tratamentos e o que cada entidade pode fazer e oferecer aos autistas. “Com isso, temos um mapeamento do atendimento da rede municipal e estadual para mostrar e direcionar a sociedade ao serviço prestado em torno do autismo.”

Tatiani Magalhães
Sala de Imprensa

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