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05/10/2018 - 12h02min

Roteiro cervejeiro do Vale do Itajaí dá os primeiros passos

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Desde 2014 funciona em Blumenau a Escola Superior de Malte e Cerveja (ESMC), que oferece cursos de degustação de uma hora
FOTO: Solon Soares/Agência AL

Apesar de Blumenau ostentar o título de capital brasileira da cerveja e dos municípios da região concentrarem boa parte das cerca de 100 cervejarias artesanais do estado, o turismo cervejeiro ainda dá os primeiros passos no Vale do Itajaí.

“O turismo cervejeiro tem crescido, mas é um mercado incipiente, está só começando. Temos um roteiro preparado para visitar fábricas de cerveja, com degustação, comida harmonizada, mesmo padrão dos EUA, mas vai levar tempo para se consolidar”, informou o secretário de Turismo de Blumenau, Ricardo Stodieck.

O roteiro contempla as cervejarias Container, Blumenau, Eisenbahn, Wunderbier, de Blumenau; Borck, de Timbó; Das Bier, de Gaspar; Heimat, de Indaial; Kiezen Ruw, de Guabiruba; Königs Bier, de Jaraguá do Sul; Schornstein, de Pomerode; e Zehn Bier, de Brusque.

“Temos um site para agendamento de visitas, o turista contata diretamente com a cervejaria. O roteiro pode durar uma semana e mesclar passeios ao Beto Carrero, Zoológico de Pomerode e ao litoral. O roteiro não é engessado e até estrangeiros estão vindo para cá”, explicou o secretário de Turismo.

Segundo Stodieck, o roteiro Vale Europeu segue o modelo do Vale dos Vinhedos, do Rio Grande do Sul.

“Criamos a rota com ajuda do Senac e das prefeituras e várias cervejarias que não estavam preparadas para receber turistas, estão se preparando para isso. Na Oktoberfest são 19 dias de calendário turístico, enquanto o Vale da Cerveja proporciona 365 para receber turistas”, comparou Stodieck.

Já as cervejarias artesanais localizadas em outros municípios da região estão fora do roteiro, mesmo com a aprovação em 2015, pela Assembleia Legislativa, da Lei 16.880, que criou a rota turística e cultural cervejeira de Santa Catarina.

“Sou crítico da criação de rotas por decreto, as rotas turísticas seguem a lógica de mercado”, ponderou Stodieck.

Com efeito, a reportagem da Agência AL visitou uma cervejaria fora do roteiro Vale Europeu e constatou “a lógica de mercado” em ação. Nas quartas, quintas e sextas-feiras a Cervejaria Itajahy, de Itajaí, recebe os turistas que passeiam com o BC by Bus (ônibus de dois andares) de Balneário Camboriú.

“Um dia vimos o ônibus passando aqui na rua Uruguai, na frente da cervejaria, e então contatamos a empresa e perguntamos se não queriam parar aqui. Eles aceitaram e agora a parada do ônibus é o melhor momento de vendas da lojinha”, revelou Helen Gerling, vendedora da Cervejaria Itajahy.

“A lei das rotas de cerveja é bem importante, já existiam outros roteiros consolidados, um exemplo de sucesso é o Vale Europeu, uma coisa acaba andando em conjunto com a outra. A gente está implantando o roteiro agora, como o apoio da Casa Verde, de Florianópolis”, declarou Alexandre Mello, proprietário da Cervejaria Itajahy.

Um mercado em expansão

De acordo com dados do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), em 2017 havia 78 cervejarias em Santa Catarina e em 2018 o número pulou para 102, um aumento de 22%.

Atualmente, a densidade cervejeira no estado é de uma cervejaria para 69 mil habitantes, uma das mais baixas do país, atrás apenas do Rio Grande do Sul.

“Santa Catarina é destaque na produção de cerveja artesanal, primeiro pelo pioneirismo, temos cervejarias bastante antigas consolidadas, é o quarto estado com maior número de cervejarias e a produção já ultrapassou dois milhões de litros por mês”, afirmou Carlo Lapolli, presidente da Associação Brasileira de Cerveja Artesanal.

“O estado e o Brasil têm potencial de crescimento, conseguimos nos manter durante a crise, mas precisamos trabalhar de forma unida para aumentar a cadeia de consumidores. Somos 1% do mercado e hoje atingimos um público que já é nosso, o desafio é atingir um público que ainda não entrou nesse universo”, argumentou Yuri Santos, sócio-proprietário da loja Vale do Lúpulo, especializada em equipamentos e ingredientes para cerveja.

“Atualmente a cerveja artesanal responde por 1% do mercado, mas têm cidades em que que o consumo é de 10%, então há muito espaço para crescer”, avaliou Ricardo Stodieck.

“O mercado pode, deve e vai se expandir, hoje atinge uma pequena parte, mas a tendência é oferecer produtos com mais qualidade, aliados à degustação e à harmonização com pratos específicos para atrair mais consumidores”, explicou Ulisses Kreutzfeld, sócio do bar Bier Vila, na Vila Germânia, em Blumenau, especializado em cerveja artesanal e que dispõe de mais de 200 rótulos catarinenses.

Conforme o dono da Cervejaria Itajahy e presidente da Associação de Cervejeiros Artesanais de Santa Catarina (Acerva), o consumo de cerveja artesanal cresceu até 2016, mas depois caiu e em 2018 está em compasso de espera.

“O mercado está indeciso, o poder aquisitivo dos consumidores caiu e muita micro-cervejaria entrou no mercado, aumentando a concorrência”, justificou Mello.

Segundo o cervejeiro, o dólar representa um custo direto, uma vez que parte dos ingredientes é importado.

“Não tem como fugir do dólar, pois há dez anos eram dois importadores e hoje são mais de dez. O jeito é manter um estoque mínimo, no máximo para 15 dias, para ter menos obrigações lá na frente”, ensinou Mello, acrescentando que a inadimplência dos pontos de venda é baixo.

Uma experiência diferente

Para o sommelier de cerveja Yuri Santos, o consumo de cerveja artesanal não pode ser igual ao das cervejas comuns.

“Você vai degustar a cerveja, então só precisa de uma garrafa. Realmente sai muito caro entrar no mercado e comprar uma caixa de cerveja artesanal e beber como se fosse cerveja de produção industrial. Três copos de chopp artesanal ou uma garrafa de cerveja são suficientes”, defendeu Yuri.

“É um produto um pouco mais caro, mas é para degustar, harmonizar com a comida, não para se alcoolizar”, indicou Alexandre Mello.

Quanto custa produzir cerveja artesanal?

“A cada 45 dias oferecemos um curso na loja. Cerca de 30% dos que fazem o curso, começam a produzir em casa. Também alugamos nossa cozinha profissional para quem quiser fazer até 40 litros de cerveja. O custo é de R$ 35, mas tem de comprar os ingredientes na loja”, afirmou Yuri Santos.

Uma escola de cerveja

Desde 2014 funciona em Blumenau a Escola Superior de Malte e Cerveja (ESMC), que oferece cursos de degustação de uma hora, até o Técnico em Cervejaria com um ano de duração e ensino integral, além do curso de Engenharia de Produção Cervejeira, único da América Latina.

“As primeiras turmas foram bem cheias, a ponto de em 2016 a escola conquistar a sustentação financeira. Temos alunos de todos os estados e de outros países”, contou Carlo Enrico Bressiani, diretor da ESMC.

A ESMC também organiza workshops de degustação de cerveja, cursos de capacitação para as cervejarias locais e para as indústrias da região.

“A capacitação para as indústrias foi muito importante, hoje são 22 empresas que produzem equipamentos para o setor cervejeiro”, relatou Bressiani.

Espaço para crescer

Para o diretor da ESCM, ainda há espaço para implantar microcervejarias em Santa Catarina.

“O setor segue em expansão, mas é muito desigual, precisa procurar buracos em que o pessoal não chegou. Em Timbó, por exemplo, tem quatro, em Blumenau são 12 cervejarias, mas na Serra não tem e no Sul ainda tem espaço”, avaliou Bressiani.

O dono da loja Vale do Lúpulo concordou em parte com o diretor .

“Na Serra tem espaço, quase não temos clientes das cidades serranas”, revelou Yuri.

Vítor Santos
Agência AL

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