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11/08/2017 - 14h28min

Parto humanizado: parteiras propõem interação e troca de conhecimentos

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Eunice Antunes, da comunidade guarani do Morro dos Cavalos, em Palhoça

A proposta de aliar saberes ancestrais e atuais sobre a assistência ao parto marcou a mesa-redonda que abriu o último dia de programação do 3º Congresso Nacional do Parto Humanizado, na manhã desta sexta-feira (11), no Auditório Antonieta de Barros da Assembleia Legislativa.

A atividade intitulada “Tradição e evidências: formando laços” reuniu quatro mulheres que atuam na área para debater a essência do trabalho de partejar e as possibilidades do compartilhamento de conhecimentos.

A enfermeira obstétrica Iara Silveira destacou a necessidade de combinar os saberes relacionados à crença e à ciência para um atendimento mais completo em benefício da mãe e do bebê. Ela atende partos domiciliares planejados há 12 anos, inicialmente com a equipe Hanami, em Florianópolis, e agora em Brasília, com a Luz de Candeeiro.

“É necessário fazer o casamento da tradição com a evidência científica para sermos boas parteiras. Não podemos abrir mão de uma das duas, pois, se fecharmos os olhos só para uma ou outra, talvez fiquemos incompletos” disse. “Tão importante quanto a evidência é a intuição, a sensibilidade, e, principalmente, o vínculo na relação de quem cuida e é cuidado. A evidência me ensina a olhar um exame pré-natal, identificar um risco gestacional, usar tecnologias que podem salvar vidas em casos de necessidade. Já a parteria tradicional me ensina a pegar na mão da mulher, dar um abraço, ouvir”, acrescentou.

Para a parteira contemporânea Naoli Vinaver, o propósito dessa união de conhecimentos deve ser garantir o respeito à fisiologia do parto e a segurança no nascimento. Ela se dedica à profissão desde 1988 e já acompanhou mais de 1,4 mil mulheres durante a gravidez, o parto e o início da maternidade. Hoje atua na equipe Ama Nascer. “Vamos unir forças, filosofias, técnicas, conceitos e métodos de trabalho. Ao colaborarmos e compartilharmos conhecimentos, quem ganha é a mãe e o bebê. Assim teremos menos intercorrências, intervenções desnecessárias e emergências.”

Naoli também enfatizou a importância dessa parceria para a valorização do trabalho das parteiras. “Dessa forma podemos nos fortalecer como cuidadoras de mulheres e bebês no parto. Em vez de concorrermos, brigarmos pelo jeito certo de fazer, podemos nos nutrir, nos juntar, nos apoiar e acrescentar.”

A naturóloga, doula, psicoterapeuta corporal e aprendiz de parteira Marcela Flueti comentou que já existem iniciativas de troca de saberes. “Hoje em dia, as enfermeiras obstetras, especialmente as interessadas em parto domiciliar, buscam nas parteiras tradicionais conhecimentos sobre manobras, utilização das plantas, entre outros”, falou. “Também há trabalhos no Nordeste, Centro-Oeste e Norte do país em que profissionais de saúde ensinam as parteiras tradicionais a usar materiais como luvas, equipamentos de reanimação neonatal, para dar mais segurança na assistência e diminuir riscos de mortalidade infantil”, complementou.

A indígena Eunice Antunes, da comunidade guarani do Morro dos Cavalos, no município de Palhoça, na Grande Florianópolis, contou sua trajetória de assistências a partos na aldeia, abordando aspectos relacionados à cultura e espiritualidade. “Segundo o meu pai, o momento do parto é quando a mulher está diretamente ligada a Deus. Nessa hora de conexão, tudo o que ela pedir será atendido.”

Ela frisou, ainda, a preocupação da aldeia em valorizar a tradição. “Com o passar do tempo, passamos a sentir mais medo, tivemos mudanças de valores que nos levaram a algo tão artificial. Todo o retrocesso que vivemos nesse sentido dá um estalo para despertarmos a consciência para o que realmente tem valor: a alimentação saudável, o parto natural, a tradição - não como uma questão romântica, mas uma relação de continuidade de vida em rede.”

O Congresso Nacional do Parto Humanizado é uma iniciativa da Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa de Santa Catarina, em parceria com a Escola do Legislativo Deputado Lício Mauro da Silveira.

Ludmilla Gadotti
Rádio AL

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