Parlamento destaca Campanha da Fraternidade 2018 com sessão especial
A Assembleia Legislativa, atendendo a uma proposição do deputado Padre Pedro Baldissera (PT) e da Regional Sul 4 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), promoveu na noite desta segunda-feira (5) uma sessão especial para destacar a Campanha da Fraternidade de 2018. A mobilização é uma tradição da Igreja Católica e desde 1964 marca o início do período de quaresma no Brasil. Na edição deste ano o tema escolhido foi “Fraternidade e Superação da Violência”.
O evento contou com a presença de lideranças políticas, eclesiásticas, representantes de poderes, órgãos públicos e entidades sociais.
Da tribuna, Baldissera afirmou que o Brasil, que conta com uma população equivalente a 3% da população mundial, é responsável por 13% dos assassinatos cometidos em nível mundial, sendo a maioria deles contra jovens, negros e pobres. O país, disse, também é um dos que mais fere e mata mulheres, com um histórico de agressões a povos originários e, mais recentemente, contra refugiados.
Diante deste cenário, ele considerou acertada a decisão da Igreja em colocar a questão em evidência. “A CNBB foi muito oportuna em escolher nesse ano de 2018 a superação da violência como tema da Campanha da Fraternidade. Isso porque a violência e o ódio ganharam fermento nos últimos anos e avançam não só na vida real, mas também no ambiente virtual”, disse.
Ainda em seu discurso, o parlamentar afirmou que a intenção da CNBB com a açõa é levar a sociedade brasileira a se questionar sobre qual modelo de país deseja para o futuro. “Nós vamos alimentar um Estado de bem-estar social ou um Estado policial e penal. Esse é um questionamento que colocamos por detrás de tudo isso.”
O padre Almir José Ramos, que coordena no estado a Pastoral Carcerária do Regional Sul 4, defendeu a derrubada de algumas ideias atualmente massificadas nos meios policiais, como associar a violência às favelas e os presídios, espaços, que segundo ele, são mais caracterizados pela discriminação e exclusão, perpetrados pela própria sociedade.
Em outro ponto, ele afirmou que a mídia, costumeiramente e de forma equivocada, define o tráfico de drogas como principal fonte desencadeadora dos homicídios registrados país, quando os próprios inquéritos policiais apontam que a maioria dos casos tem motivações mais corriqueiras, tais como ciúmes, desentendimentos no trânsito ou brigas entre vizinhos.
Além de mais investimentos públicos em saúde, educação e infraestrutura, como formas de combater a exclusão, Ramos pediu mudanças no próprio comportamento social do brasileiro. “Destaca-se aqui, portanto, a importância do enfrentamento não só das violências diretas, mas das violências estruturais e culturais, em busca de uma paz positiva e sustentável.”
Já Dom João Francisco Salm, bispo da Diocese de Tubarão e presidente da CNBB Regional Sul 4, afirmou que a violência é um flagelo que atinge a todos e o seu combate exige uma união de esforços.
Neste sentido, ele convidou os parlamentares a aderirem à mobilização desencadeada pela CNBB. “Estamos neste ato, revestido de tanto simbolismo, em um espaço de tantas discussões entre representantes do povo, por ele eleitos e incumbidos de buscar o bem comum por meio de políticas públicas e a qualquer preço, porém sempre com honestidade, promovendo a cultura da justiça, da reconciliação e da paz. Cheios de esperança, juntemos todos nós as forças que temos, para gerar processos que possibilitem superar a violência e que promovam um mundo melhor, uma sociedade justa e fraterna, um tempo novo.”
Ao final da sessão, o 1º vice-presidente da Alesc, deputado Silvio Dreveck (PP), afirmou que os parlamentares reconhecem a importância da campanha, sobretudo para a conscientização da sociedade, motivo que suscitou a realização da solenidade. “A Assembleia sente-se honrada e reconhece a importância desta sessão especial proposta pelo deputado Baldissera. Sobretudo no momento em que atravessamos, com essa onda de violência e inversão de valores que a cada dia avança mais. Acreditamos que esta campanha possibilitará amenizar este quadro, levando as pessoas a refletirem sobre o que isso representa e como dar sua contribuição.”
Homenageados
Ainda durante a sessão, foram entregues placas e certificados às pessoas e instituições que contribuíram para o fortalecimento dos ideais associados à Campanha da Fraternidade.
- Dom João Francisco Salm, bispo da Diocese de Tubarão e presidente da CNBB Regional Sul 4;
- Dom Wilson Tadeu Jönck, arcebispo da Arquidiocese de Florianópolis;
- Dom Francisco Carlos Bach, bispo da Diocese de Joinville;
- Dom Severino Clasen, bispo da Diocese de Caçador;
- Dom Odelir José Magri, bispo da Diocese de Chapecó;
- Dom Rafael Biernaski, bispo da Diocese de Blumenau;
- Dom Mário Marquez, bispo da Diocese de Joaçaba;
- Dom Nelson Westrupp, administrador apostólico da Diocese de Lages;
- Dom Onécimo Alberton, bispo da Diocese de Rio do Sul;
- Dom Jacinto Inácio Flach, bispo da Diocese de Criciúma;
- Rede Marista Marista de Solidariedade;
- Pastoral Carcerária da Regional Sul 4;
- Rede de Desenvolvimento Comunitário Casa de Gente;
- Associação Vida Nueva;
- Movimento Nacional de Direitos Humanos-SC;
- Pastoral da Juventude da Regional Sul 4;
- Federação dos Trabalhadores e Trabalhadoras da Agricultura Familiar (Fetraf-SC);
- Pastoral do Migrante da Arquidiocese de Florianópolis;
- Instituto Catarinense de Juventude;
- Marcha Mundial de Mulheres;
- Cooperativa Comunicacional Sul – Desacato;
- Pró Comitê de Combate e Prevenção à Tortura;
- União de Negros pela Igualdade (Unegro);
- Comissão Indígena Guarani Nhemonguethá;
- Instituto Vilson Groh;
- Central de Penas e Medidas Alternativas;
- Irmãs da Fraternidade e Esperança de Santa Catarina;
- Instituto Arco Íris;
- Fazenda da Esperança Santa Paulina;
- Associação Catarinense de Conselheiros Titulares (ACCT)
Agência AL