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22/10/2014 - 14h43min

Jorge Lacerda protagonizou uma das eleições mais disputadas de SC

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Lacerda (e), durante a posse na Assembleia Legislativa, em 1956. Ao lado, Braz Joaquim Alves, então presidente da Alesc. FOTO: W. Anacletto/Arquivo

A eleição de Jorge Lacerda para o governo de Santa Catarina, em 1955, foi uma das mais disputadas da história do estado.  Entre ele e o segundo colocado, o candidato Francisco Gallotti, a diferença foi de 0,91%, superior apenas à eleição de 2002, quando Luiz Henrique da Silveira elegeu-se governador derrotando Esperidião Amin por apenas 0,68%.

Mas as dificuldades para chegar ao comando do Executivo estadual começaram bem antes. Lacerda era filiado ao PRP, o Partido da Representação Popular, legenda de pouca expressão no estado. Na época, as forças políticas catarinenses se dividiam entre a UDN, a União Democrática Nacional, capitaneada pelas famílias Konder e Bornhausen, e o PSD, o Partido Social Democrático, liderada pelos Ramos.

Na primeira eleição que disputou, em 1946, não conseguiu se eleger deputado justamente pela legenda pouco expressiva. O primeiro mandato para a Câmara dos Deputados veio em 1950. Segundo o neto de Lacerda, o administrador Roberto Lacerda Westrupp, o avô precisou se coligar com a UDN para se eleger.

A aliança com a UDN foi essencial também para levar Jorge Lacerda ao Palácio Cruz e Sousa, sede à época do Poder Executivo catarinense. O então deputado se aproximou do então governador Irineu Bornhausen, que decidiu apoiá-lo como seu sucessor.  “A UDN não tinha um candidato em condições de derrotar o PSD no estado”, conta Roberto. “A UDN preferia o Heriberto Hülse, que era udenista mesmo. Mas eles fizeram uma prévia e Jorge Lacerda venceu e convidou Hülse para ser seu vice”.

Por não ser udenista, Lacerda enfrentou resistências entre alguns filiados do partido. Da oposição, a principal crítica ao candidato era relacionada às suas origens. “Disseram que ele era grego e não brasileiro”, conta Roberto. Lacerda era filho de um casal de gregos, que veio para o Brasil e desembarcou em Paranaguá (PR), cidade natal do futuro governador. “Ele teve que ir até Paranaguá e pegar uma série de documentos e declarações para provar que havia nascido em território brasileiro”.

Resistência em casa
Roberto relata que, inicialmente, Lacerda não teve o apoio da esposa Kyrana para se candidatar ao governo do estado. “Ela foi contra a candidatura. Tanto que no começo ele tratou do assunto meio às escondidas”, diz.

O neto afirma que a avó, depois da vitória de Lacerda, levou seis meses para se mudar definitivamente do Rio, então capital da República, para Florianópolis. “Mas depois ela entrou de corpo e alma na função de primeira-dama. Ela abria a Casa d’Agronômica [residência oficial do governador] para as pessoas mais humildes visitarem”.

Kyrana teve atuação destacada na área social. Ela liderou várias campanhas para a arrecadação de cobertores e de comida para os necessitados. “Ela ‘passou o chapéu’ pedindo dinheiro para as esposas dos secretários para comprar cobertores. Criou eventos, como bingos, jogos de futebol, sessões de cinema para angariar fundos. Ela até mandou uma carta para a Nestlé pedindo comida”, conta Roberto.

Tentativa de impugnação
Depois de eleito, Lacerda enfrentou uma tentativa de impugnação do resultado da eleição de 1955. Devido à pequena margem de votos, o PSD, do segundo colocado Francisco Gallotti, pediu a anulação da eleição, sob a alegação de fraude. A Justiça Eleitoral já havia anulado o pleito para vice-governador. Na época, governador e vice eram eleitos separadamente, e não em chapa única, como ocorre atualmente. “A disputa foi tão apertada que por alguns problemas tiveram que ser anuladas 20 urnas no estado. Os votos dessas urnas não impediriam a vitória de Lacerda, mas poderiam mudar o resultado para vice”, conta Roberto. Em eleições suplementares, Heriberto Hülse seria eleito como vice e o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) confirmaria, em 1956, a eleição de Lacerda.

O novo governador foi empossado em 31 de janeiro de 1956. Eleito para governar Santa Catarina até 1961, Lacerda não concluiu seu mandato. Um acidente aéreo interrompeu tragicamente sua trajetória política em 16 de junho de 1958.

Especial Jorge Lacerda
Para marcar o centenário de Jorge Lacerda, a Agência AL, em parceria com a Rádio AL, vai publicar, no decorrer desta semana, matérias sobre as homenagens ao ex-governador. A série vai trazer informações sobre o livro e o documentário que serão lançados na próxima semana, além de resgatar a comoção causada pelo acidente aéreo que tirou a vida do ex-governador e retratar como o nome Jorge Lacerda ficou eternizado em logradouros e prédios públicos espalhados pelo país. (colaboraram Cleia Braganholo, Lúcio Baggio e Nara Cordeiro)

Marcelo Espinoza
Agência AL

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