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11/06/2018 - 17h41min

Especialista recomenda valorização da comunicação funcional dos deficientes

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Debora Deliberato, palestrante do evento realizado nesta segunda-feira (11), em São Bento do Sul. FOTO: Agência AL

A doutora Debora Deliberato, professora da Universidade Estadual de São Paulo (Unesp/Marília), recomendou aos professores valorizar a comunicação funcional dos deficientes. A sugestão foi feita durante curso ministrado no auditório da Univille, campus de São Bento do Sul, nesta segunda-feira (11).

“Esse exercício de respeitar a comunicação funcional deve ser precoce, envolve um mergulho do aluno em receber e entrar na língua materna e a especificidade desse aluno – temos de entender se ele enxerga, se ouve, se tem habilidade motora – para definir o programa, vocabulário, estratégia e recursos adequados ao momento do seu desenvolvimento”, afirmou Deliberato.

Segundo a especialista, os deficientes possuem habilidades e capacidades, cabendo aos professores, pais e profissionais que atuam com eles a tarefa de descobri-las, para desenvolver neles as competências correspondentes.

“Vamos desenvolver as competências oferecendo caminhos alternativos para a linguagem, pensando em recursos para que os alunos tenham acesso à informação, mesmo crianças com severo impedimento de comunicação podem explorar diferentes modos de comunicação até conquistarem e encontrarem um sistema ideal e funcional”, justificou.

Deliberato explicou que os professores e profissionais que atuam com deficientes precisam ser honestos, fazendo-os perceber quando são ou não compreendidos.

“Não posso fazer de conta que estou entendendo, devo deixar claro ‘você está tentando falar comigo, eu não estou entendendo, mas vamos ver com a sua mãe o que significa esse gesto ou essa expressão para que eu possa entender também’”, exemplificou a palestrante

Além disso, de acordo com Deliberato, a acriança pode se comunicar através do choro, de birras, gritos, grunhidos ou dos cartões e pranchas específicas para uso de linguagens figurativas.

“Às vezes usa o mesmo choro ou gesto para querer diversas coisas, nessas horas é o contexto que diz qual o significado, por isso o professor deve estar alerta para não atribuir novos significados a comportamentos já existentes”, detalhou a pesquisadora da Unesp, ressaltando em seguida a importância da interação entre a família, os amigos e a equipe de profissionais que acompanha o deficiente.

Cuidado extra


Debora Deliberato pediu atenção redobrada com os alunos que possuem lesões cerebrais. “Temos de tomar cuidado com as crianças que tem lesões neurológicas, o programa, a estratégia e os recursos podem estar adequados, mas a dificuldade pode estar nas próprias características do aluno. Uma criança vidente passa a mão na cabeça do cachorro e a visão vai facilitar a compreensão do todo, dá integralidade à percepção; já a cega, enquanto não explorar tatilmente todo o corpo do cachorro, terá dificuldade de compreensão, a imagem mental existe, mas a construção é diferente”, registrou a especialista.

O desafio da diversidade
A especialista alertou para a diversidade de habilidades dos deficientes, que precisam ser identificadas para direcionar programas, estratégias, recursos (tablets, computadores, telefones) e vocabulários.

“O grande desafio tem sido abrir nosso olhar para a diversidade, é muito comum quando vai atuar com determinado aluno identificar o que ele não tem: não fala, não anda, mas em termos de reabilitação e avaliação, por mais comprometido que seja o aluno, ele tem habilidade, basta identificar quais são, mas não é uma tarefa fácil, não estamos preparados para reconhecer as diferentes habilidades”, reconheceu a especialista.

Deliberato ponderou que diante da impossibilidade da oralização (fala), os deficientes podem encontrar outros caminhos para se comunicarem.

“Há olhares que indicam uma troca de conteúdo, então as habilidades já existem, só que para quem é falante essas habilidades complementam a comunicação, mas muitos dos alunos não tendo fala e escrita acabam indo por outros caminhos que nem sempre a gente percebe, como habilidade de gestos, olhares, movimentos corporais e, não tendo como externalizar uma situação, podem até incorporar um comportamento inadequado”, frisou a especialista.

Sistemas de comunicação com e sem apoio
Os sistemas de comunicação sem apoio de recursos, conforme explicou Deliberato, são os sinais manuais (como a língua de sinais), gestos indicativos, gestos representativos, expressões faciais e corporais, vocalização (entonação da voz).

“Mesmo sem a palavra articulada, a professora entende e os amigos também”, pontuou a pesquisadora da Unesp.

Já os sistemas de comunicação com apoio utilizam objetos reais, fotos, figuras, além de plataformas como Arasaac, PCS (Picture Comunication Symbols), PIC (Pitogram, Ideogram Comunication) e Bliss, nas quais cada símbolo corresponde a uma palavra.

Aplicativos
Débora Deliberato listou vários aplicativos gratuitos e pagos criados para facilitar o uso de linguagens alternativas.

“Tem o Livox, um aplicativo para sistema Android, neste caso o recurso é o tablete e o aplicativo tem todo um banco de imagens, você pode capturar vídeos e fotos para inserir nas pranchas”, informou a pesquisadora, que também citou os aplicativos Sono Flex, Vox4all, Adapt, Q Fala, Aboard, Prancha Livre e Prancha Fácil.

“Para escolher um ou outro temos de pensar na acessibilidade de comunicação e pedagógica, mas do ponto de vista do conteúdo”, recomendou Deliberato.

Tipos de pranchas
A palestrante também enumerou os diversos tipos de pranchas, isto é, uma ferramentas que através do uso de figuras dá ao deficiente condições de se comunicar.

“A prancha é individual, é do aluno, por exemplo, ele vai no restaurante e leva uma prancha de bebida e comida”, exemplificou Deliberato, revelando em seguida que as pranchas podem ser temáticas, de parede, de carteira ou alfabéticas.

“As pranchas de parede com pinturas autoadesivas são ótimas para trabalhar rotinas, servem para o aluno e para a sala como um todo”, ensinou a pesquisadora, ressaltando ainda o uso da pasta frasal, que dividida em três partes possibilita o aprendizado de frases simples com sujeito, verbo e complemento.

Participação efetiva
Cerca de 400 professores da rede pública e profissionais que atuam com os deficientes em São Bento do Sul, Campo Alegre, Rio Negrinho, Mafra, Canoinhas, Joinville, Barra Velha, Blumenau e Itaiópolis participaram do curso oferecido pela Comissão de Defesa dos Direitos da Pessoa com Deficiência da Assembleia Legislativa.

O evento contou com o apoio da Escola do Legislativo Lício Mauro da Silveira, da prefeitura de São Bento do Sul, Univille e Apae local.

Prestigiaram a abertura do curso os deputados Silvio Dreveck (PP), 1º vice-presidente da Casa e propositor do evento, Antonio Aguiar (PSD) e Darci de Matos (PSD), bem como o prefeito de São Bento do Sul, Magno Bollmann, além de secretárias municipais de educação e dirigentes das Apaes da região.

Vítor Santos
Agência AL

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