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03/08/2018 - 16h39min

Em seis meses, CRAI de SC atende mais de 2 mil imigrantes

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"No início foi um choque, você sente que é negro quando vê que só tem você de negro na sala", declarou Jean Rosier

Mais de 2 mil imigrantes foram atendidos em seis meses pelo Centro de Referência e Atendimento ao Imigrante (CRAI/SC), localizado em Florianópolis.

“O fluxo vem aumentando, nesses seis meses foram imigrantes de 30 nacionalidades”, afirmou Luciano Leite da Silva Filho, coordenador do CRAI, que conversou com a Agência AL nesta sexta-feira (3), na sede do órgão.

Segundo dados do Centro de Referência, cerca de 70% dos imigrantes vêm do Haiti, como James Fernord (37), natural de Porto Príncipe, que há três anos está no Brasil. Entrou pelo Acre, veio para Florianópolis e há 1 ano e 8 meses trabalha em uma vidraçaria no Rio Tavares, na Capital.

“Meu documento está vencido e vim ver como renovar, eles vão me ajudar com a Polícia Federal”, informou James, que é separado, mas deixou no Haiti quatro filhos, o mais velho com 10 anos e a menor com 4.

“Tenho ideia de trazer eles para cá, precisa de muito dinheiro, mas vou trazer”, garantiu James, que atualmente envia parte do salário para os filhos e para a mãe, já idosa, no Haiti.

Além dos haitianos, o estado recebe imigrantes venezuelanos, de países do Mercosul (Argentina, Paraguai e Uruguai) e da África, principalmente Senegal, Congo e Guiné Bissau.

Imigrantes com curso superior
De acordo com o coordenador do CRAI, cerca de 50% dos venezuelanos que procuraram o CRAI nesses seis meses possuíam curso superior.

“Eles não estão sendo encaminhados pelo governo federal, estão vindo por conta”, explicou Luciano Leite, que destacou o caso do primeiro casal venezuelano a procurar o CRAI. “Ele é advogado e ela é psicóloga. Ela está trabalhando no call center do Peixe Urbano e ele dá aula de espanhol.”

Além da dificuldade de validar diplomas, os refugiados do governo de Nicolás Maduro estão enfrentando a destruição de documentos na fronteira pelos militares.

“Tivemos mais de um registro de documentos rasgados na fronteira, daí eles ficam sem comprovação da profissão”, lamentou o coordenador do CRAI.

Língua, documentos e trabalho
A dificuldade com a língua, a obtenção de documentos e a inserção no mercado constituem o roteiro de quase todos os imigrantes que passam pelo CRAI.

“A língua é o primeiro entrave”, explicou Luciano, acrescentando que a Ação Social Arquidiocesana (ASA), que administra o CRAI, encaminha os imigrantes a professores voluntários e instituições como a UFSC e o IFSC para aprenderem a falar português.

No caso da documentação, o foco é orientação. “Tem prazos que precisam ser cumpridos, não cumprir pode gerar uma multa de até R$ 100 por dia”, justificou o coordenador do CRAI.

Além disso, o CRAI tem parceria com o Sistema Nacional de Emprego (SINE), com o Instituto de Geração de Oportunidades de Florianópolis (Igeof), além de uma rede de apoio ligada à Igreja Católica.

Um tradutor com muito trabalho
Jean Samuel Rosier (37), natural de Porto Príncipe, está no Brasil há sete anos. Aqui concluiu a graduação e o mestrado em Economia, ambos na UFSC, e agora trabalha como assistente administrativo no CRAI, auxiliando principalmente na tradução do crioulo para o português e vice-versa.

“É o único servidor que fala crioulo, além de ajudar a assistente social e a psicóloga do CRAI, também é chamado para ajudar haitianos nos postos de saúde, hospitais e delegacias”, informou Luciano Leite.

“Resolvi sair do Haiti porque tinha o sonho de estudar fora. Tentei outros países e não deu certo, daí veio uma oportunidade no Brasil. No início foi um choque, você sente que é negro quando vê que só tem você de negro na sala, mas com o tempo acabei me integrando e hoje faço muita diferença com meu trabalho”, declarou Jean Rosier.

Aberto de segunda a sexta
O CRAI/SC abre suas portas às 9 horas, fecha às 12h, reabre às 14h e encerra o expediente às 17h30, de segunda a sexta-feira, na rua Tenente Silveira, 225, no centro de Florianópolis.

Vítor Santos
Agência AL

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