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17/11/2017 - 10h35min

Autismo: potencializar funcionalidades e não insistir nas fragilidades

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A doutora Nora Alejandra Almeida Cavaco, de Portugal, propôs aos pais, professores e psicólogos potencializar as funcionalidades e não insistir nas fragilidades dos autistas. A sugestão foi dada durante palestra que proferiu na noite de quinta-feira (16), na Assembleia Legislativa, na capital.

“Conhecendo as fragilidades, não precisa insistir nelas, por isso a melhor forma de trabalhar não é considerando a deficiência em si, os pontos fracos, mas o contrário, os pontos fortes, os facilitadores, porque não posso mudar o autista na sua essência, educamos para que eles consigam se adequar cada vez mais no mundo”, ensinou Nora.

“Quando uma mãe chega precisando de ajuda e diz ‘faça da minha filha uma mulher’ fico preocupada, alguém passou isso para ela, então é preciso desconstruir essas crenças, o mais importante para os autistas é serem valorizados, temos de verificar o melhor que eles têm e potencializar isso”, insistiu a especialista.

O escritor Rodrigo Tramonte, autor do livro “Humor azul: o lado engraçado do autismo”, concordou com Nora Cavaco.

“Sou um autista que está usando a própria habilidade para ensinar como é a forma de funcionar de milhões de autistas, que sentem e percebem as coisas de uma forma muito peculiar, que nem todos entendem, mas quanto mais conhecemos, quanto mais nos aproximamos e quanto mais trabalhamos a inclusão, mais oportunidade vão se abrindo para os autistas”, garantiu Tramonte.

Avaliação, reavaliação e ajustes
Segundo Nora Cavaco, os autistas demandam de professores e psicólogos um processo de avaliação continuada, com ajustes periódicos, para potencializar as habilidades.

“O que a criança autista precisa? O que é necessário para que eu desenvolva uma estratégia no curto, médio e longo prazo? Cada caso requer uma avaliação continuada, com reavaliações sempre que necessárias e ajustes de acordo com a evolução ou não da pessoa”, ponderou.

A aprendizagem
De acordo com a psicóloga do Instituto Piaget, não há aprendizagem sem experienciação. No caso do autista, a aprendizagem está baseada na reprodução do que vê e experimenta.

“Um autista precisava aprender a aplicar injeção. Dissemos para a mãe ‘confia no seu filho, a gente vai ensinar e ele vai aprender e fazer como ninguém, só precisa ser ensinado’. Primeiro fizemos junto, depois deixamos fazer. Tudo tem de ser feito assim: eu faço, mostro como se faz, faço junto e digo você faz, você é capaz.  Hoje ele ganha o seu dinheirinho administrando injeções, a mãe vai trabalhar e ele fica em casa, aprendeu a ser funcional e é feliz”, contou.

Dificuldades afetivas
Nora Cavaco destacou as dificuldades que os autistas tem com as emoções e revelou que é comum as mães não desenvolverem vinculações afetivas com os filhos.

“Sabemos  que muitas mães não desenvolvem vinculação com filhos autistas porque o bebê não é responsivo, é apático ou muito agitado. Devemos dizer aos pais e às mães jovens que mais importante que fechar o diagnóstico é entender o que está fugindo ao desenvolvimento normativo, vamos verificar o que está não está presente e vamos fazer uma intervenção precoce para minimizar, não há cura, mas com muitas intervenções minimizamos alguns comportamentos”, explicou.

O que é autismo
Nora Cavaco apresentou uma definição para o autismo: o autismo é um transtorno comportamental de etiologias múltiplas, com fatores neurobiológicos e genéticos associados que comprometem o desenvolvimento global infantil.

“Me recuso a chamar de doença, não há uma causa, mas muitas, é uma funcionalidade, uma perturbação do neurodesenvolvimento com  impacto significativo no nível comportamental. O autista tem comprometimento na comunicação social, tem um déficit, por isso as questões da emoção e afetos estão comprometidas”, acrescentou.

Parceria que dá certo
A palestra da doutora Nora Cavaco foi promovida pela Comissão dos Direitos da Pessoa com Deficiência, em parceria com a Escola do Legislativo Lício Mauro da Silveira, Associação Catarinense Autismo (ASCA), Fundação Catarinense de Educação Especial (FCEE), Grupo de Pais Conversando sobre o Autismo de São José e Associação de Pais e Amigos dos Autistas de Florianópolis (AMA-Fpolis).

 

Vítor Santos
Agência AL

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