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07/08/2013 - 18h31min

Padre Pedro defende mais estudos para exploração de gás de xisto

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Apesar dos alertas de diversos pesquisadores e da proibição da exploração do gás de xisto em vários países, entre eles a França, a Agência Nacional do Petróleo (ANP) agendou para novembro deste ano a licitação de áreas de exploração em todo país. A medida, na avaliação do deputado Padre Pedro Baldissera (PT), que preside o Fórum do Aquífero Guarani e das Águas Superficiais da Assembleia Legislativa, é equivocada e precipitada. Padre Pedro articula audiências regionais, com a participação de pesquisadores de universidades e geólogos, buscando sensibilizar para o perigo de uma decisão sem embasamento científico. 

“A Comissão de Meio Ambiente da Câmara (dos Deputados) realizou audiência em que pesquisadores foram categóricos ao afirmar que não há segurança para a exploração com o padrão tecnológico que temos. Podemos contaminar exatamente os aquíferos que mantém o volume hídrico dos rios”, afirma o parlamentar, que na terça-feira (6) apresentou moção, aprovada na Assembleia, solicitando ao Ministério de Minas e Energia a revisão das licitações para exploração do gás de xisto.

O parlamentar exibiu uma reportagem, hoje (7), no Plenário da Assembleia, alertando para os riscos de uma medida precipitada. “Compreendemos a ansiedade dos industriais, em razão do panorama de euforia que nos é passado com a exploração do gás nos Estados Unidos. Porém, pelo que me consta, ainda não dependemos do petróleo ou do gás para viver, mas de água”, complementa.

O doutor em geociências pela Universidade de São Paulo (USP), Luiz Fernando Scheibe, hoje aposentado pela UFSC, explica que o Brasil não tem estudos que garantam a segurança na exploração do gás de xisto, sem afetar o meio ambiente, principalmente o lençol freático e os aquíferos. A tecnologia para extração do gás utiliza um processo invasivo, que causa rachaduras nas rochas a partir de água em alta pressão, areia e substâncias químicas. Um poço de gás de xisto usa cerca de 15 milhões de litros de água. Metade disso retorna, contaminada por produtos, à superfície.

"A questão não é tanto o gás em si, já que é um gás praticamente igual ao gás natural que a gente usa, mas o tipo de exploração. São quantidades imensas de água. E essa água, quando volta à superfície, está poluída”, argumenta Scheibe. O professor alerta para o fato de que o gás está abaixo das reservas de água. “Temos gás suficiente para nossas necessidades e podemos utilizar o princípio da precaução”, pondera.

Pesquisas buscam, agora, substituir a tecnologia de injeção de água, em poucos anos, e incorporar outra de menor risco de contaminação das fontes de água potável. “Vamos dar tempo a estas pesquisas. Nossa experiência com a utilização de exemplos vindos dos Estados Unidos em relação a questões ambientais é desastrosa. Não vejo porque colocar em risco nossa maior riqueza, que é a água, a partir de um modelo questionável, predatório e baseado unicamente no lucro, como é o da economia americana”, avalia Padre Pedro.

A direção da ANP deve ser chamada ao Centro de Estudos e Debates Estratégicos da Câmara para aprofundar a discussão do tema. Os custos da exploração do gás de xisto são relativamente baixos nos EUA, onde representa mais de 20% na produção de gás natural. Já na Europa, o gasto é alto justamente por conta da legislação ambiental.


 

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