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28/08/2013 - 13h38min

Padre Pedro apresenta na Alesc relatos de famílias atingidas por barragem na Serra

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Num dos relatos mais chocantes, agricultores retiram o milho, pronto para a colheita, de dentro da água. Outros buscam animais que morreram afogados por conta do avanço do lago.

Algumas famílias agora só contam com água contaminada
Um relatório produzido pelas próprias famílias atingidas pela Usina Hidrelétrica Garibaldi, na Serra, foi apresentado nesta terça-feira (27), no Plenário da Assembleia Legislativa, pelo deputado Padre Pedro Baldissera (PT). O parlamentar recebeu os dados de representantes do grupo de famílias que está acampado no interior de Abdon Batista, depois que as comportas da usina foram fechadas e, por um erro de cálculo na construção da barragem, propriedades fora do projeto original acabaram atingidas pela água.

“A situação lá não é diferente de nenhuma outra obra em barragem. São inúmeras injustiças sociais, questões ambientais que não são respeitadas. Mas, neste caso, estamos falando aqui de centenas de pessoas atingidas pela segunda vez, ou cuja vida foi inviabilizada por um problema que não foi causado por eles”, disse o parlamentar, que confirmou o envio de documentos, imagens, vídeos e relatos ao Ministério Público Federal (MPF). “Eles precisam avaliar a situação porque, aqui, não tivemos acesso à justiça”, observou.

Padre Pedro ainda protesta contra o que classificou como “crime ambiental”, em razão de “centenas de hectares de mata nativa coberta sem a extração ou mapeamento devido”. Os relatos e imagens apresentam desde estruturas da própria empresa inundadas – o que mostra a ausência de planejamento e de projeto nas obras – até chiqueiros e outras estruturas produtivas totalmente tomadas pela água. Fontes que serviam ao abastecimento de várias famílias estão contaminadas, já que a água da barragem invadiu o espaço onde era feita a captação.

“Uma das cenas mais tristes é ver os agricultores retirando o milho, que estava pronto para a colheita, de dentro da água. Ou outros, buscando animais que morreram afogados por conta do avanço do lago. Tenho toda família vinculada à agricultura e sei muito bem o que é ver todo trabalho de um período do ano perdido. Neste caso, por irresponsabilidade de terceiros”, afirmou.

Vida interrompida
O que mais choca, porém, é a situação das famílias que vivem na região. Imagine-se em sua casa e, de uma hora para outra, você se vê cercado de água. Ou então, observa desaparecer parte da história de sua vida, ou a garantia do sustento de sua família, sob uma lâmina de água, lentamente, sem poder fazer nada. Foi o que muitas famílias enxergaram, incrédulas, em Abdon Batista, São José do Cerrito e Campo Belo do Sul. “Foi tudo rapaz, foi tudo. Não deu tempo de tirar nada. Aveia, milho, tudo”, diz, Ana Alaide, esposa de um agricultor cuja terra, arrendada do pai, não foi reconhecida como atingida.

Rudnei Raith dos Anjos é outro dos agricultores prejudicados pela elevação desmedida da água da barragem. Morador da área atingida pela construção, não possui outra renda, nem outra terra. Vive da agricultura. Casado, pai de dois filhos, pergunta-se o que fazer a partir de agora.

Enquanto isso, ocupa um quarto na casa de parentes. Restou-lhe esta opção, ou a possibilidade de viver sem luz, água e uma estrada de terra para chegar à casa onde vive depois da construção da barragem –  para chegar ao local onde a empresa “permitiu” que more, somente de canoa. “Fica perigoso pras crianças”, diz, resignado. Não recebeu nada, nem pela primeira, nem pela segunda intromissão em sua vida. Além do mais, segundo a Rio Canoas S/A, ele não foi atingido.

Alguns temem serem obrigados a viver na cidade. Outros acham que é bom aceitar qualquer coisa que a empresa oferecer, nem que seja só pra quitar as dívidas. Acreditam, conformados, que ao menos assim tem paz pra começar de novo. Mesmo que não saibam nem como, nem onde.  

Barragem
A previsão inicial de inundação da barragem Garibaldi é de 26,79 quilômetros quadrados, no entanto, a água atingiu uma área muito superior. Com 37 metros de altura e 915 metros de extensão, tem capacidade para gerar 150 mega watts de energia, com potência de 175 mega watts, energia suficiente para abastecer uma cidade com 300 mil habitantes. Os gastos previstos na obra de R$ 450 milhões.  O grupo Triunfo terá o direito de explorar a produção de energia pelo prazo de 30 anos.


Cássio Turra
Assessoria de Imprensa do deputado Padre Pedro Baldissera (PT)
(48) 3221-2726 / (48) 9947-2049
www.padrepedro.com.br

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