Coruja diz que “ser chamado de louco não me ofende, esse argumento é uma falácia”
Uma sátira magistral de Machado de Assis, no livro "O alienista", acerca da inviabilidade de se definir a esfera da loucura, sob pena de incorrer numa generalização abominável, foi citada pelo deputado Fernando Coruja em seu discurso de hoje (terça-feira 05.09) quando se manifestou sobre o fato de ter sido chamado de "louco" pelo governador do estado, durante encontro político na região serrana.
Coruja também citou Michel Foucault, que fez um mergulho nesse universo para entendê-lo e a partir daí, construir um saber sobre a loucura e como ela se constituiu ao longo da história. Dizendo que o conceito de loucura tem mudado ao longo do tempo, Coruja mostrou que o manual americano DSM-5, traz cerca de 300 diferentes transtornos mentais "e podemos dizer que todo mundo tem um pouco de cada coisa".
Lembrando uma frase do lageano Rogério Castro - "aqui em Lages metade é louco e a outra metade pensa que não é", Coruja disse que "ser chamado de louco não me ofende, eu de certa forma estou lá mesmo, na loucura!" Para o deputado Coruja "este argumento do governador é uma falácia, porque o que não é normal é não aceitar as críticas que aqui são feitas".
Ele lembrou a filósofa e pensadora contemporânea, Márcia Tiburi, que em seu ensaio "Como conversar com um Fascista" diz que a personalidade autoritária não reconhece nada fora dela mesma. Nada pode ser contra seu modo de pensar, de sentir e de ver o mundo. O que o eu autoritário quer é impor-se como centro do universo".
Para Coruja, não basta desqualificar o autor das críticas. "O que me parece ser uma loucura é tomar um empréstimo de R$700 milhões, com um ano de carência e quatro anos para pagamento, e distribuir aos municípios. Isso não vai resolver os problemas de Santa Catarina", disse o parlamentar, lembrando que a audiência pública para discutir a questão da saúde, agendada para esta quarta-feira, foi cancelada.
"Não quero aqui discutir a minha saúde mental, quero discutir as contas públicas, a situação da saúde e da segurança. O resto é loucura para se conversar em mesa de bar", finalizou Coruja ressaltando que "afinal de médico e louco, todo mundo tem um pouco".