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Publicado em 19/04/2017

Suco de uva atrai grandes e pequenos produtores no Vale do Rio do Peixe

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O suco de uva integral entrou de vez no gosto dos brasileiros. Uma pesquisa do Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin) em todo país apontou que a comercialização quintuplicou em 10 anos. Saltou de 15,8 milhões de litros em 2005, para 90,2 milhões em 2014. A indústria do Vale do Rio do Peixe acompanhou esse crescimento. “Em 2010 a empresa mudou de perfil para produtos nobres, vinhos finos, espumantes e suco de uva integral e hoje o suco de uva é o carro chefe”, afirmou Odair Wurlitzer, enólogo da Vinícola Randon, de Pinheiro Preto, a maior do estado, com faturamento de R$ 7 milhões por mês.

A expectativa da Randon é processar 7,8 milhões de quilos de uva nesta safra, destinando 2,5 milhões para suco, quatro milhões para vinhos de mesa e finos e o restante para os espumantes. “No auge da colheita processamos cerca de 300 mil litros de derivados de uva por dia. Nosso portfólio é de 60 produtos, que estão presentes em todas as regiões do país”, informa Wurlitzer.

 

O suco de uva integral também atraiu pequenos produtores. A família Vian criou a Sucos Vian em 2007, mas produz vinho desde que adquiriu a propriedade, há 57 anos. São cerca de 3,5 hectares de videiras, algumas com 70 anos, que produziram em 2016/2017 mais de 90 mil quilos.

No primeiro ano a pequena indústria processou 20 mil quilos, no terceiro a safra toda. “Nossa previsão é engarrafar 280 mil litros de suco”, declarou Julio César Vian. Como é necessário 1,6 quilo de uva para fazer um litro de suco, os Vian estimam processar 450 mil quilos em 2017, cinco vezes mais do que a produção própria. “Compramos uvas aqui na região, no Rio Grande do Sul e no Paraná, no município de Bituruna”, conta Julio Vian.

Na Vinícola Randon 70% da matéria-prima vem da região de Caxias do Sul, 10% é originária de vinhedos próprios e os restantes 20% são adquiridos de mais de 200 produtores catarinenses, espalhados pelos municípios de Anita Garibaldi, Campos Novos, Tangará, Pinheiro Preto e Fraiburgo.

Ivanir Andretta, de Tangará, é um fornecedor da Randon. Este ano espera colher 100 mil quilos de uvas em quatro hectares. O destino de quase toda produção é a indústria, somente 10% está sendo comercializada in natura e transformada em vinho para consumo doméstico. “A safra deste ano está boa e toda ela tem colocação, 20% vai para a Randon e 70% para Coopervil, de Videira, a maior parte para suco, que é o que está mais demandando”, explica Andretta.

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Suzana Zanella Piccoli, gerente da Vinícola da Serra, de Pinheiro Preto, comemorou a colheita de 120 toneladas de uvas Niágara, Bordô e Izabel. “Queremos produzir 80 mil litros de suco de uva”, informou Suzana, sinalizando que a maior parte da produção será transformada em suco.

A uva em reais

Ivanir Andretta entrega o quilo de uva a R$ 0,92. “O que sobra mal dá para passar o ano”, diz o produtor, indicando, a seu modo, a importância do lucro obtido com o cultivo no sustento da família. Ismael Andretta, filho de Ivanir, pondera que os insumos (fertilizantes minerais e orgânicos, fungicidas e inseticidas)  “estão dolarizados”, enquanto o quilo da uva “está tabelado”.

ColheitadeuvaTangara_MZ33.JPGAlém disso, há o custo da mão-de-obra. Três gerações de Andretta trabalham no parreiral: poda, amarração, colheita, além do cuidado com o solo e proteção do parreiral. “A mão-de-obra tem alguma experiência para colher, mas na poda praticamente somos só nós, porque aí entra um trabalho especializado”, observa Ivanir.

Tadeu Cendron, técnico agrícola da secretaria de Agricultura de Tangará, com mais de 20 anos de casa, defende os produtores. “Os cantineiros são unidos, fazem as reuniões deles e meio que tabelam o preço, a diferença entre eles não passa de R$ 0,20”, afirma, reconhecendo porém que a “saída grande para suco valorizou a uva”.

VinicolaRandon_MZ11.JPGSegundo apurou a reportagem da Agência AL, o custo de produção de um litro de suco de uva integral na Randon, que tem quase 100 empregados, é de R$ 3, fora os impostos. “O que mais prejudica é o ICMS, é muito caro, com a crise diminuiu o consumo de suco de uva, se ele estivesse na cesta básica também os consumidores de baixa renda comprariam e toda a cadeia produtiva ganharia, inclusive o produtor, grande maioria pequeno produtor”, avalia o empresário.

No caso da Sucos Vian, o custo de produção é de R$ 2,80 o litro, excluídos os impostos. A diferença entre a Vian e a Randon pode ser creditada ao quadro funcional pequeno da primeira, bem como à economia com o frete, uma vez que na Vian 20% da matéria-prima é colhida a poucos metros da indústria. “Trabalhamos com quadro funcional reduzido, quatro pessoas da família e três temporários na época da colheita. Tem dia que passa de 12 horas na lida”, explica Julio Vian.

Denominação de origem

Para agregar valor ao suco de uva produzido no Vale do Rio do Peixe, a Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural (Epagri), em parceria com pequenas e grandes indústrias, está implantando um projeto de denominação de origem para identificar o suco de uva feito na região.

“O objetivo é criar um selo de qualidade com denominação de origem. Os técnicos da Epagri estão inspecionando pulverizações, fazendo análise de solos, adubação e testes de cortes (misturas de varietais diferentes). A Financiadora de Projetos e Estudos (Finep) banca grande parte e as indústrias entram cada uma com 5% do custo”, informa Vinicius Caliari, gerente de pesquisas da Estação Experimental da Epagri, em Videira.

Reivindicações do setor

Inclusão do suco de uva integral sem adição de açúcar e conservantes na cesta básica e o apoio ao produtor para minimizar perdas com geada fora de época e granizo são as principais reivindicações. “Hoje o consumidor de suco de uva integral está na classe média para cima”, reclama João Randon, ao propor a redução de impostos para que as famílias de menor renda também consumam a bebida.

“Pagamos 12% de ICMS na compra da uva no Rio Grande do Sul e 17% na comercialização dos produtos em Santa Catarina, por isso defendemos que o suco integral sem conservante e açúcar entre na cesta básica, isso vai beneficiar todo mundo, ajuda as famílias que produzem, é um incentivo para que produzam mais”, justifica o empresário.

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Por outro lado, o prefeito de Tangará, Nadir Baú, garante que os produtores do município – que visitou para pedir votos na eleição de outubro – reclamam apoio do governo estadual para prevenir perdas com as intempéries. “O produtor quer respaldo do Estado na proteção dos parreirais, uma garantia de que vai colher, por isso precisa de subsídio para as coberturas plásticas e na irrigação para proteger das geadas”, descreve o prefeito, ressaltando que “a uva ajuda a manter as famílias na agricultura e ainda gera empregos temporários”.

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