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Publicado em 19/04/2017

Enoturismo dá os primeiros passos no Vale do Rio do Peixe

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Vinícolas se estruturam para oferecer mais do que degustação de vinhos.

O enoturismo – turismo associado ao cultivo da videira e à produção de vinho – dá os primeiros passos no Vale do Rio do Peixe, maior produtor de uvas em Santa Catarina. E Pinheiro Preto, campeão no processamento da fruta, saiu na frente. “Recebemos cerca de 15 mil turistas por ano, a maior parte grupos de excursão”, revela Suzana Zanella Piccoli, gerente da Vinícola da Serra, a primeira e única cantina do município com estrutura receptiva e aberta aos sábados, domingos e feriados.

A família Zanella recebe visitantes desde os tempos em que o vinho era feito no porão. “Minha mãe sempre dizia, 'tem uma pessoa chegando na propriedade, vamos tratar bem porque vai deixar algum dinheiro". A gentileza no trato chamou a atenção de três empresários. “Vieram nos visitar, recebemos eles no porão. Queriam nos conhecer e convidar para participar de um roteiro para hóspedes dos hotéis Tirol, de Treze Tílias, Renar, de Fraiburgo, e Termas de Piratuba”, lembra a empresária. A família topou a parceria.

Suzana Zanella PiccoliSuzana não esquece a primeira vez que um ônibus estacionou no pátio. “Era uma missão técnica do Paraná, fui recebê-los na frente de casa e em vez de dizer ‘é um prazer recebê-los’, inverti tudo e disse ‘vai ser um prazer para vocês conhecerem a gente!’”. A filha mais velha de seu Osmar e dona Elvira justifica o lapso pela emoção do momento. “Era a grande oportunidade para o nosso negócio.”

A parceria deu certo e em 2002 a vinícola saiu do porão para uma casa majestosa, erguida defronte à residência dos Zanella. “Se um carro para na frente e estamos almoçando, alguém vai levantar e atender. O turista é peça fundamental, sem ele não existiríamos, por isso todos são recebidos pela família: servir e vender é a nossa vida”, explica a empresária.

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De fato não há empregados na Vinícola da Serra, exceto os trabalhadores que atuam na colheita ou na poda das videiras. “Cada um tem uma atividade especial, mas todos trabalham juntos na hora de engarrafar ou de rotular”, conta Suzana, referindo-se ao marido, Gilberto, à irmã mais nova, Fernanda, e aos pais, ainda na ativa, mesmo com a idade avançada. “Mais importante é pensar na mesma direção, daí alcançamos os objetivos.”

Atualmente a propriedade fornece 120 toneladas de uvas para produção de vinho de mesa fino e espumantes, além de suco de uva. Também produz maçãs, goiabas, marmelos, pêssegos e figos que são processados em geleias e compotas. “São 47 anos, 30 no porão e 17 na vinícola”, informa Suzana, completando que a família preserva a produção artesanal sem renunciar à tecnologia. “Nosso objetivo é fidelizar o visitante, transformá-lo em um cliente fiel. Hoje, grande parte daqueles que moram 300 quilômetros ao redor e nos visitaram, vêm fazer suas compras, vendemos 100% da produção aqui.”

frases_uva-02.jpgO sucesso contagia

O sucesso da Vinícola da Serra está ajudando na mudança de mentalidade de cantineiros e do poder público de Pinheiro Preto. A Vinícola Randon, uma das maiores do estado, com faturamento acima de R$ 80 milhões ao ano, está apostando na instalação de um espaço para degustação dos seus produtos, conta João Randon, um dos sócios da empresa.

VinicolaRandon_MZ7.JPGA mão do poder público também é visível. Tanto na cidade quanto no interior do município, há sinalização com placas indicando o caminho para as dezenas de vinícolas locais. “A prefeitura implantou a sinalização para incentivar outras vinícolas a explorarem o turismo. O visitante chega até o portão e está fechado, mas o dono percebe que está perdendo dinheiro”, pondera a gerente da Vinícola da Serra, que aprova a iniciativa. Suzana lembra que os moradores da região, alvo imediato dos empreendimentos locais, têm disponíveis para o lazer somente sábados, domingos e feriados. “Quando podem vir, as vinícolas estão fechadas.”

Além disso, as estradas são na maioria calçadas ou estão em obras. É o caso, por exemplo, do acesso à propriedade da família Vian, que há nove anos implantou uma pequena indústria de sucos no interior de Pinheiro Preto. Com o calçamento chegando, os Viam já planejam investimentos para receber turistas. “Vamos plantar flores na frente da casa e do barracão e no futuro pensamos construir um espaço para receber as pessoas”, afirma Julio César Vian.

Tangará na contramão
Diferentemente de Pinheiro Preto, que já percorre o caminho aberto por Treze Tílias, uma potência do turismo barriga-verde, Tangará ainda engatinha, apesar de ostentar o título de maior produtor de uvas do estado: 10 milhões de quilos. “O turismo da uva aqui é zero”, reconhece o prefeito Nadir Baú, responsabilizando principalmente as estradas de chão que dão acesso às propriedades pela carência de iniciativas no setor.

O calvário da Vinícola Panceri, que entre outros atrativos conta com um notável museu do vinho, parece confirmar a tese do prefeito de Tangará. Localizada no limite com Ibiam, a estrada é de chão batido e apenas nos últimos metros está assentada no território tangaraense. A maior parte pertence a Ibiam. “O asfalto é muito caro, o município não tem recursos para fazer, a alternativa é o calçamento”, admite o prefeito.

Também para a família Andretta, que estima colher este ano cerca de 100 mil quilos de uvas, o acesso tortuoso e esburacado limita os planos de expansão dos negócios. “Nosso plano é construir um viveiro de mudas, a região está carente disso. Também queremos ampliar a produção de vinho, que hoje é só para o nosso consumo”, detalhou Ismael Andretta, que não descarta no futuro explorar também o enoturismo. “Agora ainda não é uma opção”, avalia Ismael.

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