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Publicado em 05/08/2019

Associação aposta no crescimento da demanda

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Tilápia lidera mercado de filés de peixe, que ainda tem espaço para expansão

A criação de tilápias é uma das experiências de negócios bem sucedidos e que vêm crescendo gradativamente em Santa Catarina, garantindo o sustento de mais de 32 mil famílias que atuam profissionalmente ou de forma amadora na produção do peixe, de acordo com a presidente da Associação Catarinense de Aquicultura (ACAq), Ofélia Maria Campigotto. 

Ofélia conta que a tilápia é responsável por mais de 30% da aquicultura brasileira. Para ela, há uma grande perspectiva de crescimento da espécie no mercado interno. “Há espaço para expansão, especialmente na produção de filés e cortes especiais de peixes de carne branca.” Associado a esses fatores está o preço competitivo, que faz da tilápia concorrente poderoso entre os pescados. Após liderar o mercado de filés de peixe, a espécie agora entra em nicho antes exclusivo de espécies nativas: o consumo de peixes inteiros.

Existente em 140 países do mundo, a tilápia, revela Ofélia, apresenta-se como um dos mais promissores peixes de água doce cultivados no planeta. Criada naturalmente em lagos, estuários e em cativeiros, em sistema intensivo e superintensivo ou tanques escavados, a espécie tem ganhado a preferência dos piscicultores e empresários pela adaptabilidade ao meio ambiente, facilidade de criação, precocidade, resistência a doenças e pelo sabor de sua carne, apreciado na alimentação e gourmeteria requintada, bem como por sua pele, aproveitada na medicina, na indústria farmacêutica e em artefatos de couro.

O Brasil produziu 400,28 mil toneladas de tilápia em 2018 e Santa Catarina, 33,8 mil toneladas, tornando-se o terceiro maior produtor da espécie no país, números que tendem a aumentar. O consumo de peixe no Brasil gira em torno de 8 kg per capita/ano, valor abaixo do que a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) preconiza como ideal, de 12 kg a 14 kg/ano. “O consumo de pescados vem crescendo ano a ano e em percentuais superiores a outras carnes, como a bovina e de frango, que são as mais consumidas hoje no Brasil”, diz Ofélia Campigotto.

Ela informa que, de acordo com um estudo da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), entre os anos de 2005 e 2015 a produção do peixe mais produzido em cativeiro no Brasil cresceu 80% graças à modernização e à intensificação da produção em tanques-rede, em reservatórios e em viveiros escavados. Conforme o estudo, a tecnificação da produção e do profissionalismo dos produtores contribuiu para um incremento na produtividade em muitos polos. “O uso de equipamentos, associado a práticas de manejo com controle dos parâmetros de cultivo, permitiu o adensamento da produção também nos viveiros escavados, aumentando a produtividade. Em polos que se baseiam no uso de viveiros de terra, como no Paraná e em Santa Catarina, saltou de 30 para 50 toneladas por hectare.”

A presidente da Acaq atrela o aumento da produção de tilápia em Santa Catarina a vários fatores: clima favorável, rusticidade da espécie, que se adapta a diferentes sistemas de produção, alta demanda dos produtos, além do bom resultado em cultivos intensivos. Para Ofélia, o segredo do sucesso da tilápia está no crescente aumento da aceitação da espécie no mercado consumidor.

Os principais desafios da Associação Catarinense de Aquicultura são a organização, a unidade e a comercialização do produto. A presidente lembra que a tilápia começou a ser produzida em Santa Catarina há mais de 50 anos e anualmente o peixe vem conquistando os produtores e os consumidores devido à qualidade de sua carne, mas a organização e a unidade do trabalho desenvolvido pelas associações municipais, regionais e sindicatos começaram há poucos anos, com apoio de instituições de ensino superior e da Epagri, além do incentivo recente da Comissão de Pesca e Aquicultura da Assembleia Legislativa.

Outra dificuldade é o aproveitamento de todo o peixe. Atualmente, a maioria dos produtores perde uma média de 67% da tilápia, aproveitando na maioria dos casos somente o filé do pescado. “Temos que incentivar um maior aproveitamento do peixe, divulgando a culinária de caldos, grelhados, aproveitamento da pele, patês, empadão, entre outros pratos”, defende. A maior parte da perda é utilizada por empresas na fabricação de farinha de peixe e ração, mas a ideia é agregar valor na produção do peixe.

Em relação aos predadores da espécie, Ofélia relata que há uma preocupação da entidade com as garças, morcegos, cobras e pássaros, como o bem-te-vi e os biguás – esses últimos estão migrando dos mares para os tanques para consumir o peixe. “A criação do peixe em cativeiro pede uma atenção constante do agricultor, que tem que controlar a aeração das águas, a alimentação do peixe e formas de espantar esses predadores naturais. Todo cuidado é pouco, é a nossa principal atividade.”

Uma das expectativas dos associados da ACAq é quanto à possibilidade de abertura do mercado internacional para a exportação da tilápia. De acordo com a dirigente, foi iniciado um trabalho com a Comissão de Pesca e Aquicultura para que isso ocorra nos próximos anos, por isso, a entidade também tem incentivado os produtores a investirem na qualidade do peixe, na adoção de matrizes com boa genética, com tamanho padrão, além de técnicas para gestão do manejo do peixe.

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